Joyce Pascowitch

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Opinião

Casal mais falado da novela das 9 da Globo faz a gente celebrar o amor

Vamos começar aqui falando de um assunto que imagino que todo mundo goste: sexo. Vamos falar também de um segundo assunto que todo mundo também gosta: amor. E de outro que eu também amo: novela. Sempre tive queda, eu e grande parte das mulheres e alguns homens, por histórias de amor, desde os filmes franceses alternativos, passando pelos ingleses e alguns americanos do cinema moderno.

Nada mais certeiro do que falar disso para que o sucesso chegue junto. Só que tem maneiras e maneiras de se abordar esse tema e confesso que tenho pensado muito nisso. Sou noveleira desde criancinha, mas gosto também de cultura mais cabeça e aí que está a graça, essa mistura fina. Ultimamente fui fisgada, de uma maneira diferente, pelo casal mais comentado atualmente da novela das nove, "Terra e Paixão": Kelvinho e Ramiro.

O rapazinho gay engraçado, sincerão e o brutamontes capanga do fazendeiro mau-caráter. E eu que já sonhei com Anouck Aimée e Jean-Louis Trintignant em "Um homem e uma mulher", com Jean Paul Belmondo e Jean Seberg em "Acossado", com Steve McQueen e Faye Dunaway em "Thomas Crown Affair", com Jude Law e Siena Miller, Carrie Bradshaw e Big....Ai ai... Voltando aqui ao mundo real, como toda novela das nove que se preze, cenas com temperatura elevada, pernas enrascadas e pedaços de corpos são fundamentais pra alavancar a audiência.

E era justamente isso que se esperava dos casais protagonistas de Terra e Paixão, principalmente de Cauã Reymond e Barbara Reis, Caio e Aline. Só que não rolou exatamente isso: a química dos dois me parece mais política agrária do que qualquer coisa. Nem qualquer outro casal da novela, formado por um homem e uma mulher, conseguiu esse feito. A coisa só pega mesmo quando o casal formado por um macho raiz tentando se desconstruir e um jovem gay assumido se juntam. Isso não quer dizer pouca coisa: uma novela das nove que tem como casal principal um casal de dois homens, que não foi criado a princípio para ser protagonista.

Mas o caso é que essa dupla tem roubado a cena. E mais: não se espera desse caso de amor cenas tórridas de sexo e paixão. O que a gente está gostando de ver nesses dois é uma outra coisa que eu estou tentando ainda entender. E é essa justamente a questão que se coloca: por que nesse caso, desses dois, o beijo gay não é necessário? Por que a gente não precisa ficar torcendo pra TV Globo liberar isso no ar?

Kelvinho é gracioso gentil, paciente e muito engraçado. Ramiro é um quase bandido com alma boa e desejos confusos. Um casal realmente inusitado. E o que nos intriga de verdade é a maneira como esses dois se comunicam, trocam afeto e conseguiram conquistar dessa maneira o público sem recorrer ao óbvio das cenas quentes ou ao famoso beijo gay. Eles não precisam disso. E a gente, precisa do quê? Talvez a gente precise de mais cenas como essas, onde o amor se manifesta de uma outra maneira mais profunda e menos óbvia. Mais romance? Em tempos de OnlyFans e Pornhub, esses sites de sexo fácil, onde tudo é escancarado, não deixa de ser sintomático o casal sensação da novela das nove atrair tanto as atenções justamente sendo tipo fofinhos, puros, sem beijos na boca ou cenas quentes. Apenas carinho, empatia e um amor gostoso.

E nós, o que temos a aprender com isso? Eu perguntei a Cauã Reymond o que que ele estava achando dessa dupla — justamente ele, o grande galã de Terra e Paixão. Olha o que ele respondeu: "Ramiro e Kelvin são geniais em cena! A história deles é linda, não tem como não se envolver realmente." Cauã disse mais: "Torço para que haja cada vez mais espaços para histórias como essa." E finalizou assim: "Com essa torcida, o Brasil mostra que sabe que amor é amor, e prova que adora acompanhar uma boa história romântica." Tamu junto, Cauã.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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