Joyce Pascowitch

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Opinião

Meu dream team; as 'famosas' listas de fim de ano

Não adianta reclamar por que isso já virou um clássico: mesmo que seja praticamente um lugar comum, é uma delícia ler listas. E principalmente listas de melhores, mas as de piores também têm sua graça. Confesso que não faz meu gênero fazer lista dos piores, não tenho essa veia, mas confesso também que amo listas, não só faze-las, mas ler também.

Portanto, agora é a hora: final do ano, tempo de fazer balanços.

E como sempre acontece todos os anos, teve de tudo: teve alegrias, teve bastante tristeza, teve coisas muito boas e teve um monte de outras coisas que nem merecem ser citadas aqui. Mas como eu disse que só ia falar de coisas boas, começo com Milton Nascimento, Chitãozinho & Xororó num daqueles documentários especiais de Pedro Bial, com direção de Mônica Almeida.

Acho esse formato genial, tem tudo a ver com os meus interesses. Eles fizeram também sobre bicheiros, sobre futebol, sobre tantos temas, mas quando eles trazem essas misturas inusitadas, meu coração dança. Ver Milton Nascimento cantando Evidências foi quase sublime.

Mas a volta dos Titãs também não pode ficar de lado, prova que todo mundo ama um túnel do tempo. Na contrapartida, o que falar de Bruno Mars, que na estreia do The Town varreu para seu quintal milhões de brasileiros que ainda estavam reticentes em relação à sua pessoa. Eu fui uma delas.

Só que admito: fiquei totalmente apaixonada pela música, pela pessoa, pela ginga, por tudo. Bruninho caiu nas minhas graças, entrou e se apossou do meu coração. Outro show de festival que achei transformador foi o dos Racionais, que dividiu o palco com a orquestra Sinfônica de Heliópolis, também no The Town. Foi histórico, debaixo de uma chuva torrencial, mas firme e forte como eles sempre foram.

Mano Brown e sua turma pareciam fazer parte de um uma apresentação dirigida por Bob Wilson ou Robert Lepage, dois gênios do teatro contemporâneo. Assisti de casa, na TV, ao vivo, e o efeito foi espetacular, parecia que eu estava no BAM, a famosa Brooklyn Academy of Music, onde cenários desse tipo acontecem sempre.

Fui também neste ano ao Allianz Parque assistir ao show dos Amigos. Fiquei mega impressionada com a estrutura toda, com o público de uma fidelidade absurda, da mistura de tribos. Pra mim, foi uma novidade.

Assisti também o cubano Paquito D'Rivera na sala São Paulo e isso também me marcou, essa latinidade toca minha alma.

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Por outro lado, infelizmente não assisti a nenhum show de Luísa Sonza, gosto dela, mas pra mim ela foi uma das melhores coisas do ano, assim como o seu Escândalo Íntimo. Também acho que nenhuma canção me tocou como Chico, que ela fez quando estava apaixonada pelo então namorado.

Taylor Swift passou batido por mim, apesar de sim, eu saber da comoção mundial em torno dela, mas nada disso me pegou. Por outro lado, senti a morte de Rita Lee como uma coisa pessoal: trabalhei muito tempo com Antonio Bivar, escritor, diretor e dramaturgo, que por sua vez era muito próximo dela.

Nossas vidas esbarraram algumas vezes e quando fui caminhando no Parque Ibirapuera para seu velório, minha história, nossa história passou na minha cabeça. E me emocionou. Senti o tempo. Foi uma sensação estranha, triste. Outra morte que de uma certa maneira mexeu comigo foi a de Ryuichi Sakamoto, um gênio da composição, do piano e que eu tive o enorme prazer de assistir ao vivo algumas vezes. Privilégios.

Aproveito este momento e quero saudar também Xande de Pilares, com o seu disco inteiro de Caetano Veloso, e Diogo Nogueira, que cada vez que aparece na minha TV me faz feliz com seu samba e com seus olhos.

Fui pouquíssimas vezes ao cinema este ano, talvez só duas, e assisti ao documentário sobre Elis Regina e Tom Jobim dirigido por Roberto de Oliveira. Quase uma benção. Benção também foram todas às vezes em que Marjorie Estiano apareceu na minha tela de TV.

A série "Fim" me atingiu no peito, e além de Marjorie, Fábio Assunção e Bruno Mazzeo seguraram lindamente a onda. Este ano também descobri João Gomes e o Piseiro e fui devastada por "Succession", a série que eu não queria que tivesse acabado nunca.

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Sinto saudades de "Vai na Fé", novela evangélica que me fez orar às 19h30 da noite todos os dias e me fez voltar acreditar que novela é uma das melhores coisas que temos ao nosso alcance num piscar de olhos. Como todo mundo já ouviu falar um dia, a vida é sonho. E eu quero mais é sonhar.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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