Por que Altas Horas é sempre o melhor programa do meu sábado (e da semana)
Sabe a letra daquela canção de Lulu Santos que diz que todo mundo espera alguma coisa de sábado à noite? Eu, por exemplo, espero todas as semanas o Altas Horas. Aí você pode me dizer: 'Puxa que frustrante. Sábado à noite em frente à TV?'. Pois é, eu aprendi com a experiência que quanto menos a gente espera, mas a gente é surpreendido. E esse é o caso: tenho momentos de alegria, de alto astral, de memórias de música boa. Não é de hoje que gosto de ficar em casa no sábado à noite, acho que é o pior dia para sair e ter boas experiências por aí.
Para isso é fundamental um bom programa de TV. Claro que hoje em dia tem um streaming aí para satisfazer a qualquer paladar, mas eu ainda gosto muito da velha e boa TV aberta. Gosto demais do programa de Serginho Groisman. Gostava quando era da TV Cultura, do SBT, com nomes variados.
Acho que esse perfil dele meio colégio Equipe, meio frequentador de Pinheiros traz para a Globo algo que ela tem dificuldades em conquistar, tipo aquele pedaço de São Paulo que é seu sonho de consumo. E o melhor: isso agrada também outras partes do país.
O melhor desse programa é que ele sempre se reinventa, as temporadas vão se sucedendo e o resgate dos bons momentos e das memórias tem sido o ponto alto. Às vezes o especial é sobre um grupo, às vezes sobre um cantor ou cantora, às vezes é uma ode a quem já fez muito sucesso e não faz mais e tudo isso é muito lindo de se ver na TV, esse resgate de um sucesso passageiro trazido de volta para uma nova chance.
Tem Joelma, tem Lô Borges, tem É o Tchan, tem Dalto, tem Lucinha Lins, tem aquele compositor de Evidências, José Augusto, às vezes tem só sertanejo, às vezes tem só jovem guarda, já teve Reginaldo Rossi e só não tem mais porque ele morreu.
O Altas Horas trata a gente como um interlocutor inteligente, que gosta de coisa boa e não tem vergonha de ser popular. Quem nunca cantou alto em casa acompanhando Chitãozinho & Xororó? Eu, por exemplo, sempre... faço pose de mulher-cabeça, mas gosto de cantar sozinha em causa esse tipo de hit. E bem alto.
Embora já com 70 anos de idade, Serginho não finge que é moço: ele usa todo seu repertório, sua bagagem cultural, seus tempos de colégio e de produtor de eventos para temperar e dar mais sabor às apresentações de seus convidados. No cardápio musical do Altas Horas tem de tudo, do brega ao funk, da conversa um pouco cabeça até a babação de ovo.
Mas a mistura é tão bem dosada e tão bem temperada que chego a pensar que é muito isso que faz o sucesso desse programa depois de tanto tempo. Altas Horas não tem apresentadora magrinha de cabelo compridão, ondulado: tem um cara que nem alto é, não é exatamente bonito nem garotão, mas é ele que segura a onda há tantos anos e consegue manter a gente grudada na tela por meio de um line up que sempre surpreende e nunca deixa a desejar. Na plateia, sempre "ornando" com o conteúdo, estão os coadjuvantes dessa festa toda.
Confesso que sempre tive uma queda por programas de sábado à noite na TV aberta. Uma época fiquei muito interessada em entender por que Gugu Liberato fazia tanto sucesso no Viva a Noite, no SBT. Foi engraçado que acabei ficando fã, não perdia um. E até me aproximei de Gugu justamente por causa disso. Não sou amiga de Serginho Groisman embora nossas vidas tenham se esbarrado por meio de vários amigos em vários momentos, mas tenho que reconhecer a sabedoria, a experiência, o talento e o bom senso dele.
Confesso também que eu não gosto da temporada de BBB porque atrasa o horário do Altas Horas ir ao ar, sou uma fã metódica e cheia de TOCs. Por isso e por tantas outras coisas, saúdo a longevidade do programa, saúdo o fato de ter todos os sábados um acontecimento musical de primeira classe na minha casa e numa meta-homenagem a Gugu Liberato, mando um "viva a noite" — de sábado, que tem sempre o Altas Horas.
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