O dia em que Madonna me mediu de cima a baixo em um hotel de luxo nos EUA
Mesmo que eu não vá ao show, parece que ficou impossível qualquer conversa nesses últimos dias que não envolvesse o nome de Madonna. Por isso mesmo resolvi abrir meu baú de histórias vividas e alguns momentos compartilhados com ela. Ao vivo e em cores. E olha que não foram poucos, não...
Será que ela sempre foi invocada como ela é hoje em dia? Resposta: sim. Uma vez eu estava no subsolo do hotel Morgan's, na época um dos mais charmosos de Nova York, num "get together" onde ela recebia convidados para um pequeno jantar. Fui parar lá porque tenho um grande amigo que é bem próximo dela, e ele levou tanto eu quanto minha irmã, pois viajávamos juntas — ela, aliás, não queria ir. Claro que fiz de tudo pra convencê-la a mudar de ideia, falando que era uma oportunidade única na vida de estar ao vivo num pequeno espaço com essa pessoa. Consegui.
Quando meu amigo nos apresentou a ela, fomos medidas de cima a baixo. Um raio-X completo. E olha que costumo me vestir bem, modéstia à parte, com peças boas e acessórios sofisticados. Essa sou eu. E ao que tudo indicava, essa era Madonna. Minha irmã, a quem eu não puxei e não estava achando a menor graça em nada, a toda hora vinha me perguntar se a gente já podia ir embora — isso pra sentir o clima da noite...
Por falar em jantar, também compartilhei numa outra ocasião uma mesa de 10 pessoas, parte de uma grande comemoração de um feriado judaico em Nova York, no Kabbalah Center, que Madonna frequentava semanalmente. Nesse jantar estava na mesa também Steven Klein, fotógrafo de moda mega famoso e um dos melhores amigos de M — como ela mesma se chama e assina nos cartões e bilhetes para os amigos.
A experiência foi um pouco menos traumática, mesmo porque eu pessoalmente estava mais segura de dividir a mesa com a maior estrela do pop mundial. Nessa época, ela era muito ligada na cabala e tinha um professor particular em casa, frequentava o centro em Nova York, todas as sextas-feiras, no Shabat, além de bater ponto nos feriados e festas mais importantes como esse jantar de ano novo.
Em outras duas oportunidades ainda estive com ela e sempre bem próximo: em viagem à Flórida e outra a Israel, as duas ligadas ao Kabbalah Center. Na da Flórida, bem pertinho de Fort Lauderdale, acho que era o feriado de Páscoa, mas não me lembro direito. Eram uns cinco dias de imersão com rezas, banhos de piscina e palestras. Lembro que ela surgiu em alguns momentos sempre com vestidinhos bem caretas, uma coisa meio "wrap dress" de Diane von Furstenberg, bem enquadrada, como uma mãe de família que tem dinheiro e posição social.
Lembro que era fácil encontrar com ela também pelos corredores do hotel, enorme, fechado para a ocasião. Já em Tel Aviv ela fazia parte de um grupo de gente do mundo inteiro numa espécie de peregrinação para lugares sagrados do país e principalmente em visitas aos túmulos dos grandes sábios judaicos. Lembro que passamos uma semana indo em vários cemitérios e rezando em volta dos tais túmulos. Confesso que foi uma viagem linda e inesquecível, assim como a presença dela, mesmo que distante nos eventos. Lembro também que a academia do hotel, toda envidraçada e no piso térreo, de vez em quando amanhecia toda coberta de papel, inibindo qualquer possibilidade de acompanhar o treino da superstar.
Ah, fui também a ensaios fechados de um show que ela estreou em Los Angeles.
Olhando todo esse circo montado em torno dela, fico pensando aqui como a gente se sairia numa situação dessas, com tanto assédio e alvoroço e de tanta expectativa em volta. Acho justo que ela duvide de todo mundo e desconfie de todos que ela não conhece bem. Que olhe de cima a baixo. Não gosta que ninguém chegue perto nem que a olhe nos olhos, coisas de gente que convive há muito tempo com a fama e não tem um minuto sequer de privacidade em lugar nenhum que vá neste mundo.
Sim, também entendo que essa conta não fecha: todo mundo fica louco pra ser famoso e quando vira famoso a história é sempre a mesma. "No flashes, please"? Mas também quem aguentaria essa super exposição a vida inteira todos os dias de todos os anos? Pois é, seria talvez o caso de invejar, na verdade, a vida espartana do personagem principal de "Dias Felizes", de Wim Wenders.
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