Joyce Pascowitch

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Opinião

'Capote vs. The Swan' mostra lado enfadonho e patético do 'high society'

Sempre foi claro o interesse do entretenimento pelo mundo dos ricos. Às vezes isso se torna meio enfadonho, às vezes um tanto quanto patético. No caso da série "Capote vs. the Swans", mesmo com atores excelentes, direção de arte, figurinos e roteiro impecáveis, a coisa parece meio empacada. Acredito que a questão seja mesmo que a vida de rico nem sempre é o que parece: o lado B é muito complicado e pode sim ser bastante chato.

A história dessa série, em cartaz no Star+, gira sobre a amaldiçoada reportagem que Capote fez para revista Esquire e foi publicada em novembro de 1975, entregando as mazelas e os podres de suas amigas íntimas ricas e entediadas.

Talvez esse modelo esteja um pouco gasto nos últimos tempos porque o streaming foi invadido por conteúdos desse tipo mas a diferença aqui é que gira em torno de um dos inventores do novo jornalismo, dono de um texto impecável e um dos mais importantes jornalistas norte-americanos dos tempos modernos: Truman Capote, uma figura muito rara e muito sofisticada com muito talento e um olhar afiado - e a língua também, é claro. Pela fragilidade que vem junto nesse pacote, pela solidão, pela carência de afeto, amor, sexo, a confusão e a discórdia se instalam.

Tem de tudo no seriado: segredos, traições, roupas deslumbrantes, joias idem, mulheres sem ter o que fazer, maridos de olho em outras que não as suas, jatos, mansões, mortes, todos os ingredientes necessários para uma mistura perfeita. O time de atores e atrizes que inclui Tom Hollander como Capote e as talentosas Naomi Watts, Chloe Sevigny, Demi Moore e Calista Flockhart como as mulheres do high society é o que segura.

À medida em que a série vai passando, o ritmo vai caindo também na mesa medida que o protagonista. O diretor Gus Van Sant já fez muita coisa melhor, como por exemplo a série sobre o estilista Halston, que mostra uma Nova York mais contemporânea e com a temperatura mais elevada -drogas, sexo e outras coisas mais.

Capote queria brilhar mais que os assuntos, os personagens e temas que ele mesmo escolhia. Tudo vai ficando um tanto monótono, assim como a vida das mulheres-cisnes. Tom Hollander no papel principal está sim, perfeito, mas Philip Seymour Hoffman estava mais ainda quando fez o mesmo papel no cinema, em 2005.

A série expõe as mazelas e fragilidades desse grupo de super ricos mas expõe também e principalmente a própria fragilidade de Capote. E tudo só podia ter dado mesmo em um super unhappy end. E todos foram infelizes para sempre.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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