Vida de luxo moldada pelo afeto: você conhece a família Kretz? Deveria!
Se essa série é boa? Estou na quarta temporada, ávida sempre por novos episódios. Afinal, o que faz com que uma história sobre uma família francesa que mora em Paris e se dedica a vender e alugar imóveis de alto luxo na França e no mundo, todos trabalhando juntos, seja tão interessante?
Não sei se o que me pegou no início foi o visual maravilhoso dos cenários incríveis, lugares mágicos, castelos, casas de praia, de campo, apartamentos cinematográficos ou pequenas pérolas escondidas, ou se foi a história de uma família formada pela mãe e o pai, casados desde sempre, com quatro filhos homens —lindos— e a avó, Majo, mãe da mãe, figura quase central dessa história toda.
O casal principal começou a vender imóveis em Paris, juntos recém-casados e viraram um case internacional de sucesso. Mas como uma espécie de reality show se transformou nessa marca reconhecida hoje em dia no mundo todo, esse brand de luxo, glamour e afeto familiar, tudo junto e misturado?
Não é muito fácil de entender, porque tudo isso poderia dar muito errado quando, na verdade, deu muito certo. Engraçado que no começo eu nem sabia direito o nome da série, porque na França tinha um nome, na Netflix internacional tinha outro e parece que hoje em dia eles chegaram num consenso: em francês, "L'Agence".
No Brasil, na Netflix, "Imóveis de Luxo em Família". E afinal como dar certo ainda na quarta temporada sem perder a graça e o charme? Qual o segredo dessa receita tão deliciosa?
Acho que essa mistura do sonho dos imóveis inacessíveis para a grande maioria dos mortais e na outra ponta, a família formada por quatro filhos homens, dois casados com filhos, o terceiro com uma namorada espanhola tipo gorducha e o menor saindo da adolescência, entrando nos 20 poucos anos é que faz toda diferença.
Os pais são muito presentes e a mãe, na minha opinião, um caso a parte: uma francesa típica que gosta de tomar aperitivo no final da tarde, nada bonita, mas com um charme todo próprio e uma avó que é a cereja desse bolo todo, carinhosa com os netos e cheia de sabedoria.
Nas primeiras temporadas era tudo concentrado mais em Paris. Depois, surgiram os imóveis pelo interior e litoral da França, pelas colônias, e depois o mundo: Nova York, ilhas no Caribe, Barcelona, Costa Rica e até no Brasil eles chegaram, pode acreditar.
Mas sabe onde o Brasil entra nessa história toda? Pois bem, os pais resolvem se aposentar e deixar a empresa no comando dos filhos. É justamente nesse ponto da quarta temporada que eu estou.
E sabe também onde eles escolheram para morar, quando eles tinham como possibilidade o mundo todo? Acertou: no Brasil. Mas precisamente da praia da Pipa, no Rio Grande do Norte, onde eles compraram uma casa —dessa vez não atuaram como agentes imobiliários e, sim, como clientes. E a gente acompanha também essa história.
Fica claro que eles conheciam a praia da Pipa há mais de 15 anos, vinham sempre para cá. E por isso foi essa escolha para levar uma vida regada a longas caminhadas nas praias, a kite surf, tara da família, inclusive do pai, e a muitas caipirinhas.
Captar a vida das pessoas que investem o mínimo de 2 a 3 milhões de euros até dezenas de milhões em um imóvel de luxo sem parecer ostentação é uma tarefa bem difícil. Na série é muito bem resolvido, com diálogos engraçados às vezes, mas sempre muito verdadeiros —apesar de não podermos esquecer que se trata de um reality show.
Também muito bem resolvida e fundamental é a história da própria família, com todos os seus perrengues, pequenas disputas internas e personalidades variadas, diversas. Posso dizer que muito raramente sou pega numa fidelidade absoluta como desta vez. Claro que amei "Succession", "White Lotus", mas essas tinham plots para segurar a atenção.
Neste caso aqui são histórias verdadeiras —mesmo que às vezes com cara de ensaiadas—, daquelas que a gente gosta de assistir para sonhar e não levar um tombo quando acordar.
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