Joyce Pascowitch

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Opinião

Esse filme faz pensar: amor pode vir a qualquer hora (até após um assalto)

O Dia dos Namorados passou, teve toda aquela avalanche de posts nas redes sociais, teve o comentário lúcido de Monica Martelli no Instagram, o melhor do dia, e teve a grata surpresa de Silvia Poppovic anunciando seu novo namorado rompendo paradigmas, barreiras e preconceitos.

Foi uma delícia ver o depoimento dela também nas redes explicando que ela estava viúva desde novembro de 2022 e que, apesar de pensar que esse assunto já estava resolvido na vida dela, eis que surgiu um pretendente, advogado que ela conhecia há muito tempo, mas que resolveu procurá-la ao saber do assalto que ela havia sofrido no bairro de Higienópolis em São Paulo.

Engraçado um assalto render um namoro — engraçado e maravilhoso. Fiquei pensando nessa história e quando me recomendaram o novo filme da Netflix, "O Preço da Herança da Vovó", uma comédia italiana inteligente, encaixada num cenário espanhol, em Menorca, um dos destinos de férias mais sofisticados da Espanha. Pois bem, isso foi apenas o começo da história.

Na verdade, o verdadeiro comecinho da história é quando uma mulher nos seus 60 anos encontra um ex-ficante dos tempos de escola, um malandro profissional que vivia de pequenos golpes na América Latina. Ele tenta avançar o sinal com ela na hora de se despedir, ela recua: agora é casada, com dois filhos grandes, adultos. Os dois comentam sobre a mãe dela, uma ex atriz de 87 anos, está se sentindo meio sem função. Ele então pega o número do telefone dela, com a ideia de ajudar a resgatar a autoestima e a colocar novamente no palco. Agora um corte: e as próximas cenas incluem o tal malandro profissional namorando a tal vovó, noivando e quase casando.

A família —-a filha dela, o genro e os dois netos — entram em pânico já que ela tem 6 milhões de euros na conta, disputados por cada um deles (menos a filha). Todos querem a grana para projetos nada a ver e ninguém quer, portanto, o casamento com esse impostor. Sim, impostor, mas extremamente inteligente, espirituoso, engraçado. Contra ele pesam as acusações de já ter sido casado com duas outras milionárias mais velhas que morreram — e isso assusta a família inteira.

Claro que vovó se apaixona, porque é uma mulher exuberante, cheia de vida e cheia de amor pra dar — e os dois começam a transar sem parar com direito a barulhos incomodando o resto da família no pequeno hotel de Menorca aonde todos vão para comemorar o casamento. É lá que filha, genro e netos tentam concretizar o plano de matar o noivo. Tem cenas realmente hilárias, outras inteligentes como o tal noivo dando explicação porque gosta de mulheres ricas mais velhas (ele disse porque elas têm menos preocupação na vida e são mais divertidas). Outra quando ele está na fila para embarcar para a Espanha, carregando um saco plástico como bagagem, com as coisas dele, enquanto todos os outros vão com malas. Ele vai leve, solto e cheio de graça. E de malandragem é claro.

Claro que os planos para assassinar o noivo acabam não dando certo, mesmo porque os dois netos se recusam no final da história a cometer um ato tão politicamente incorreto.

É numa reviravolta Inteligente, no final, que a própria noiva diz que vai sim se casar e prova que de burra ou desavisada não tem nada. E mais não posso contar aqui sobre a conversa final com a filha antes de ela embarcar para o Brasil, é claro! Junto com o novo marido, que sugeriu e ela aceitou morar em Jericoaquara. Ah, la dolce vita? Ela pode acontecer aos 87 num inesperado desvio de rota ou mesmo depois de um assalto nas ruas do bairro de Higienópolis em São Paulo. A sorte está lançada.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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