Joyce Pascowitch

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Opinião

Novos filmes mostram por que jovens se encantam por mulheres mais velhas

É fato: O assunto do momento nas rodas de mulheres 50+ e também das outras é que jovens rapazes se interessam cada vez mais por mulheres mais velhas. É nítido esse encanto. E não dá pra dizer que isso é ruim. Sim, mulheres mais velhas às vezes também se encantam por jovens rapazes mas isso é outra história...

Tenho refletido bastante sobre essa questão e conversado bastante sobre esse tema nas minhas rodas. E não sou só eu que estou sendo impactada por esse assunto: duas comédias românticas daquelas que fazem sucesso no streaming abordam justamente esse assunto. São estreladas por duas atrizes carismáticas, talentosas, famosas, referências no mundo cinematográfico e que na verdade foram muito bem escolhidas para representar essa categoria de mulheres: uma é Anne Hathaway e a outra é a musa Nicole Kidman. Duas atrizes reconhecidas. A primeira estrela "Uma Ideia de Você", onde ela vive uma mãe que acaba ficando com o ídolo de sua filha adolescente. A segunda, "Tudo em Família". O primeiro é do Prime Video, e o outro, da Netflix.

Em "Uma Ideia de Você", Hathaway é uma mãe que mora sozinha com a filha, divorciada de um marido que a abandonou por outra mais jovem. Ela vai a um show com a filha, se perde na entrada e vai parar no trailer cantor por quem, é claro, vai se apaixonar depois. Ele é muito mais jovem, é lindo e é famoso. O diferente aqui é que ele se apaixona de cara por ela. Claro que ela reluta e tenta evitar. A filha não fica contra a mãe, dá maior força. Mas além de a garota sofrer bullying na escola —porque a mãe está com ídolo de todas as colegas—, a própria mãe, ao sair em turnê com o grupo dele, se sente deslocada junto das outras namoradas dos outros participantes da banda. Sim, tem tudo pra dar errado, mas no final das contas, depois de muito estica e puxa, de muitas separações e decisões pensadas e racionais, eles acabam ficando juntos.

No caso do filme de Nicole Kidman e Zac Efron, ele é o chefe da filha dela. Aliás, um chefe que ela odeia: tirano, politicamente errado. A mãe é do tipo "cabeça", uma escritora premiada. Ele é rude, porém gostoso. E as cenas de sexo, deliciosas como pode-se imaginar. Nos dois longas, a relação de mães e filhas é permeada pelo clichê "sou sua mãe, mas também sou mulher". Ossos do ofício.

Uma coisa que chama atenção é que nos dois casos os homens realmente se apaixonam por mulheres mais experientes, mais inteligentes do que eles, bonitas — bonitas e gostosas. Não são elas que tomam a iniciativa; ainda não chegamos nesse ponto, e esse deve ser o próximo capítulo .

De qualquer maneira, a questão é muito necessária, deve ser discutida e os longas fortalecem essa polêmica. Sim, eu preferiria ver esse assunto abordado em filmes talvez ingleses, franceses e argentinos, mas quem entrou com tudo nesse tema são os americanos. E justamente nestes tipos de comédias românticas... Não dá pra desprezar este movimento importante, pois esta questão ainda vai render muito. Como no mercado de streaming há cada vez mais mulheres escrevendo, produzindo e dirigindo, tudo leva a crer que essa é uma demanda do próprio mercado feminino — e que bom que está sendo atendida.

Claro que tudo isso foi muito mais bem aceito quando eram os homens os mais velhos a se encantarem com as mulheres mais jovens, em histórias escritas por roteiristas homens, dirigidas por homens. Agora que a onda começa a ser revertida, só nos resta comemorar e esperar que isso se torne tão viral quanto as histórias de amor entre senhores mais velhos e mocinhas desprotegidas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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