Emily continua em Paris - e eu grudada nela
Não dá para dizer que eu não fiquei decepcionada com a nova temporada de "Emily em Paris", no ar na Netflix. Sei o quanto é difícil manter a chama acesa principalmente numa quarta estação: às vezes o impacto continua sendo positivo, às vezes a coisa fica mais morna, é sempre mais ou menos assim. Mas o fato é que, sim, eu estava com saudades de Emily, coquete, com aquele seu jeito meio aéreo, meio destrambelhado, mas engraçado de ser, charmoso.
Também confesso que adoro acompanhar o figurino dessa série: não que eu goste exatamente, mas ele me instiga e chama minha atenção — isso já é bastante bom. Patricia Field é a mesma figurinista de "Sex and the City". As semelhanças, aliás, não param por aí: acho que a própria Emily de Lily Collins tem muito a ver com a Carrie de Sarah Jessica Parker, tanto na personalidade ligeiramente transgressora quanto naquele olhar meio fútil, leve e até bem engraçado. O próprio produtor das duas séries é o mesmo Darren Star, bem famoso e muito reconhecido já há um certo tempo. Criador e produtor.
Não acho que o fato de a protagonista se dividir entre dois amores seja o centro da história: acho muito mais interessante a antagonista e até algumas coadjuvantes importantes. Virei fã de Sylvie, a dona da agência de relações públicas que a Emily trabalha desde que aterrissou na Paris deliciosamente mostrada no seriado. Outra personagem que eu amo é sua best friend Mindy, de origem asiática, que para falar a verdade me lembra muito Sabrina Sato, com a sua rapidez de raciocínio e suas tiradas engraçadas.
Aliás, essa amizade feminina é um dos focos principais da história e tem muito a nos ensinar nesse mundo onde os amores líquidos parecem ceder cada vez mais espaço às amizades verdadeiras. Isso a série mostra bem, e isso é um ponto bem a favor: as duas, Emily e Mindy, são modernas e descoladas na mesma medida, padecendo das mesmas fraquezas e crises existenciais — e também do mesmo gosto para se vestir.
Nenhuma delas sabe se gostam de um ou de outro, ambas sempre envolvidas com possibilidades variadas. Por falar nessas duas, gostei especialmente de um diálogo onde Emily comenta que um determinado vestido é "Kate Middleton demais" para Mindy. Achei o diálogo engraçado e bem colocado, além de eu concordar que o figurino da princesa é um tanto quanto ultrapassado e não traz nenhuma mensagem que condiga com o século XXI.
Tem de tudo nessa quarta temporada: de um empresário poderoso no mundo da moda e das bebidas de luxo — não dá para deixar de comparar com Bernard Arnault, da LVMH —, que neste caso específico da série assedia suas funcionárias, até lançamentos de produtos de verdade — com marcas pagando rios de dinheiro para estarem presentes — e um inusitado desfile onde os homens usam uns pintos falsos feitos de tecido pendurado sobre a roupa.
De onde eles tiraram isso eu não sei, mas tem provavelmente a ver com o assédio que o chefão do conglomerado praticava em relação às suas funcionárias. Enfim para se manter tantas temporadas no ar e ser tão comentada assim, acho que realmente a série precisa de tudo um pouco. Como eu bem disse lá no começo deste texto, difícil manter o clima — principalmente levando em conta de que deve haver uma temporada número cinco.
Esta quarta foi dividida em duas partes e apenas cinco episódios foram liberados até o momento. Há mais cinco que só chegarão no dia 12 de setembro. E o pior: estou louca para assistir.
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