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Fiquei hipnotizado: a primeira vez em que vi Silvio Santos na TV

A primeira vez que ouvi Silvio Santos, que morreu neste sábado, aos 93 anos, foi na extinta rádio Nacional de São Paulo.

Minha vó Alexandrina comentou sobre a educação daquele locutor que parecia estar ali com ela na cozinha, de tão simpático que era.

Eu tinha 8 anos e prestei atenção naquela voz e naquele nome. Dias depois, eu, que era apaixonado pela TV Excelsior, resolvi mudar um pouquinho de canal e ao passar pela extinta TV Paulista (hoje Globo), vi aquele moço elegante e de voz bonita conversando com a câmera (ou seja, com os telespectadores) e me detive ali.

Ele propunha um acordo: que nós déssemos audiência a ele e em troca traria muita alegria e nos daria muitos prêmios do Baú da Felicidade. E também para o auditório separado do palco por uma cerquinha de madeira.

Mostrou os prêmios, muitas vezes carregados por um rapaz de braço cabeludo, que depois vim a saber era o seu diretor Luciano Callegari.

Logo identifiquei que era o locutor preferido da vovó e confesso que fiquei um tanto hipnotizado pela fala dele e o colorido do palco com uns carrinhos, um de cada cor, e com o jogo da velha, que ele começou a realizar com clientes do Baú.

Dali pra frente, meus domingos ficaram assim.

Imaginem a minha surpresa e alegria quando, em 1981, ele me chamou para participar do Troféu Imprensa pela primeira vez e depois em 1990, quando já era critico da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e fui levar a ele o troféu de melhor animador. Ele me convidou para o júri do seu "Show de Calouros".

Tremi, mas aceitei e no domingo seguinte estava lá. Fiquei por 6 anos.

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Lá mesmo, na bancada, me convidou para participar de uma supernovidade, o telejornal "Aqui Agora". Aceitei e fiquei lá por uns 4 anos.

Sempre que estava no palco com ele, tinha a sensação que o que eu estava vivendo não era de verdade. Dávamos 40, 50 pontos de audiência e éramos assunto sempre na imprensa. Tinha a sensação que Ele não era real.

Mas ele falava sempre com elogios ao meu trabalho nos corredores da Vila Guilherme e eu me sentia com a alma em suspensão.

Quando nos chamava em seu camarim lá do Teatro (antigo Cine Sol) da Ataliba Leonel e nos elogiava, saíamos flutuando.

Ele não ensina de forma tradicional, ele dá toques importantes e sabe jogar com seus jurados e convidados. Até o distanciamento que ele coloca era o necessário, mas amoroso o suficiente para não magoar.

O dia em que ele me ligou, no meu celular, me convidando para voltar ao SBT, eu estava pelado no camarim da TV Gazeta. Quase sai daquele jeito correndo de alegria. Quantos troféus juntos.

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Que poder de nos convencer, que sabedoria sobre TV, que encantamento passa aos telespectadores.

Que falta sinto dele como apresentador e como agente de entretenimento na TV em geral, e do seu olhar sobre meu trabalho.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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