MC Rebecca estreia no Rock in Rio e diz usar sua voz a favor das mulheres
Com sete anos de carreira, MC Rebecca fez sua estreia no Rock in Rio na última sexta-feira (13), no Palco Sunset, ao lado do Funk Orquestra e MV Daniel, e levou o funk proibidão para o festival, dando mais ainda a cara carioca para os 40 anos do evento. Antes, a funkeira havia levado o funk carioca para Portugal, onde se apresentou no Rock in Rio Lisboa em 2021, além de algumas turnês internacionais.
Sempre procurando mostrar a força e a valorização feminina, Rebecca contou que esse momento foi muito importante para ela como mulher preta, mãe, cria de favela, pois mulheres como ela lutam diariamente e sonham em serem reconhecidas.
Rebecca também falou sobre sua luta pelo empoderamento feminino e disse que hoje já é diferente a forma que as funkeiras são respeitadas, mas que ainda estão no caminho de conseguirem ser mais respeitadas.
É diferente, ainda estamos no caminho, ainda não está concluído. A gente está numa luta constante não só na música, mas também em outras áreas de trabalho. Eu acho que muitas áreas são muito machistas. Com a união conseguimos quebrar isso e dar voz às mulheres que se sentem oprimidas, que se sentem de alguma forma caladas e muitas vezes não têm o apoio ali, então é importante eu usar a minha voz a favor dessas mulheres e ajudá-las de alguma forma, seja através da minha música ou de alguma coisa que eu fale.
Inspiração na carreira
Rebecca diz que o funk sempre fez parte de sua vida, pois nasceu na comunidade do Morro São João, no Rio de Janeiro, e que inicialmente se inspira bastante em Beyoncé e Rihanna, e quando se descobriu no funk buscou referências em Valesca Popozuda, Tati Quebra Barraco e Anitta.
É muito bom pegar referência dessas mulheres que me inspiram e é muito engraçado porque a música me fez virar amiga dessas pessoas que eu já admirava e isso é maravilhoso.
Ela também relembra e é grata a Anitta, que a chamou para uma parceria na música "Combatchy", onde chegaram ao topo do Spotify e conta que foi a primeira mulher preta a atingir o topo do Spotify Brasil.
Trabalho ousado
Questionada sobre a concorrência e a existência de uma possível disputa com alguma colega, ela diz que não e que não deveria mais existir a rivalidade feminina que as pessoas na internet criam.
Sobre o seu trabalho ousado e a possibilidade de possíveis rótulos atrapalharem sua carreira, ela diz que podem sim, mas que muitos artistas internacionais lançam músicas como as dela e todo mundo aplaude e que artistas tentam quebrar essas barreiras. Inclusive, ela cita Anitta que recentemente fez uma parceria com o norte-americano The Weekend e colocou um funk proibidão sem censuras.
Eu acho isso muito bom também para nós que estamos na luta, que canta proibidão também, para abrir esse espaço, porque os brasileiros não aceitam muito isso. Poxa, ela (Anitta) está lá, como uma das artistas mais ouvidas e as pessoas tinham que apoiar. Daqui a pouco, o funk vai ser reconhecido como ritmo musical, você vai ver, anota aí.
Preconceito no meio artístico
Conversamos sobre o possível preconceito que existe no mundo artístico, de que funkeira não seria cantora e Rebecca me contou que ainda sente esse preconceito, mas que acredita que não deveria existir.
Sim, eu sinto. Eu acho que o artista pode viver tudo, mas eles colocam numa caixa que não existe. Acho que o artista pode viver o que ele quiser, fazer parcerias com outros ritmos e está tudo bem. É muito bom quando a gente sai da nossa zona de conforto, né? Meu conforto é o funk, mas eu gosto de mergulhar em outros ritmos.
Novos passos na carreira
Em meio a sua boa fase na carreira, Rebecca está prestes a lançar seu primeiro disco e mais dois novos singles em outubro —inclusive a música "Do Jeito Que Eu Quero", parceria dela com MC GW e Os Quebradeiras, já está disponível e em alta na plataforma de música Spotify.
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Quero receberEla conta que estudou muito nos últimos cinco anos para lançar esse trabalho e que, além dela, muitas pessoas trabalharam para que o disco saísse do papel.
O novo projeto, segundo ela, tem em sua essência o funk proibidão, que é algo do início de sua carreira —e que seus fãs pedem bastante— mas ela ressalta que também há músicas mais leves, "que dá para ouvir em almoço de família", brinca.
Música é isso, é livre arbítrio. Eu acho que o artista é livre para fazer o que ele quiser e acho que não tem que ter uma censura ou um rótulo.
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