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Leonardo Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

CDs ficaram obsoletos mesmo? Não. E nunca valeu tanto a pena comprá-los

Pexels
Imagem: Pexels

Colunista do UOL

30/06/2021 04h00

Quando a chave do streaming virou, coisa de uma década atrás, muitos se apressaram para se livrar de CDs e DVDs que tinham em casa. De objetos que subitamente se tornaram tão antigos e obsoletos quanto uma máquina de escrever da Olivetti. Você foi um desses?

Dali em diante, vimos um novo tempo emergir, guiado por telefones celulares e suas nuvens. E é sintomático perceber hoje que carros e computadores já nem trazem mais coisas como CD players de fábrica, antes indispensáveis.

Ou seja, seria cômodo dizer que os compact discs morreram e jazem tranquilos no cemitério de quinquilharias eletrônicas, prontos para a reciclagem.

Mas isso é uma mentira.

O formato CD não só vive como passa por um momento deveras interessante. Essa tese soa pitoresca? Então, primeiramente, faça um teste em seu lar ao melhor estilo Augusto Liberato.

A partir de agora, você tem 30 segundos para encontrar um CD (ou DVD) dos velhos tempos, daqueles que ouviu até arranhar e que significa muito mais que uma playlist editável na sua conta do Spotify ou Netflix.

Não, não adianta mentir. Eu sei que você encontrou.

Mas por que você ainda os guarda, muitas vezes até sem ter onde tocá-los?

Eu chutaria que a mídia física, com suas propriedades er.. físicas, é especial e insubstituível. Simples como tirar o disco da caixinha.

Mas voltando ao "momento deveras interessante"

Já datilografei nesta coluna sobre o fetiche dos LPs e como eles viraram o "anti-streaming", uma resposta aos tempos corridos em que a música virou trilha incidental na vida das pessoas. E como desse fetiche brotou uma inflação galopante no vinil.

E o que os CDs tem a ver com isso? Tudo. E o melhor dessa história está no preço.

Com o declínio da demanda e o vinil ultrapassando o CD em vendas nos EUA, eles podem ser adquiridos atualmente por preços inacreditáveis. Estão sendo praticamente dados em lojas, sejam novos ou usados, Muitos na casa de R$ 10 ou menos.

Se seu sonho um dia foi construir uma coleção de respeito ou incrementá-la, passamos por uma era dourada.

sentimos em informar que essa era durará apenas até o dia em que os CDs forem redescobertos pelos novos jovens. A partir desse momento, que pode acontecer já nesta década, a procura disparará e os preços subirão junto. Então, por via das dúvidas, é bom aproveitar agora e comprar.

Mas o CD tem chance de ir além de um revival e voltar a dominar o mercado como fizera um dia?

Não. Isso não aconteceu com o vinil e muito provavelmente não acontecerá com o CD. O máximo que pode ocorrer é ele virar alvo de nichos colecionistas. O mundo marchou rumo ao digital. E é um caminho sem volta. Faz parte do jogo.

Pensando nisso, eu mesmo, após longo inverno, voltei a adquiri-los recentemente com alguma regularidade. Sobretudo álbuns das décadas de 1990 e 2000, que foram gravados, mixados e masterizados para rodar nesse formato e soam melhor nele.

Mas CD não tem o som nem o charme e nem a capa do vinil. E também não te engaja tanto na experiência, já que você não precisa virá-lo para ouvir o lado B.

diria o partidário xiita do LP.

Bem, ele não estaria errado.

Mas nosso amigo compacto também tem suas qualidades. E não são poucas. Trata-se de uma mídia perfeita, portátil, resistente, de alta definição e extremamente colecionável. Sabendo cuidar dela, e ainda irei abortar esse assunto na coluna, te acompanhará por uma vida inteira.

E engane-se quem pensa que aparelhos de som pararam de ser fabricados e vendidos para eles. Basta fuçar um pouco na internet ou clicar aqui, aqui ou aqui para encontrá-los à venda.

Mas, como já mencionei mais de uma vez, o importante mesmo é você continuar tocando seu disco, seu CD, sua fita K7 e o streaming que roda no seu celular e mentalmente no interior do seu cérebro. A música não pode parar.

E até o próximo post.