Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Tenho um monte de discos usados em casa e quero vendê-los; como fazer?
É regra. Toda semana se inicia com três certezas. 1) O governo federal entrará em uma grave crise institucional; 2) Algum jovem famoso anunciará separação e surpreenderá um total de zero pessoas; 3) Alguém me perguntará como fazer para vender disco de vinil usado.
É uma obsessão, uma psiconeurose, um moto-perpétuo virulento que na realidade é de fácil explicação.
No caso dos discos, a maioria não escuta mais música por mídia física. E, com a inflação galopante do vinil, coleções escanteadas, herdadas de parentes ou de você mesmo, podem se transformar em auspiciosas oportunidades de negócio.
Se você não é colecionista e já se encontrou nessa situação, aqui vão três caminhos que NÃO te deixarão deste jeito.
Informe: as dicas a seguir também valem para CDs.
Dá para vender em uma loja (ou sebo ou bazar) da sua cidade
Pesquise e descubra a mais próxima. Muitas compram por lote. Pode valer a pena se você não possui discos bem quistos por colecionadores e se o que interessa mesmo é livrar espaço na sua casa o mais rápido possível.
Mas, antes de fechar negócio, atente ao perfil do estabelecimento em questão e saiba de antemão que, recorrendo a lojas, a chance de alcançar preços altos é quase nula, já que lojistas oferecem pouco e tendem a barganhar até o centro da Terra.
Um adendo importante
Já assistiu ao episódio "The Old Man" da série "Seinfeld"? Aquele em que os personagens Kramer e Newman tentam negociar a valiosa coleção de jazz de um idoso e recebem em troca uma oferta de reles US$ 20 (equivalente a US$ 38 hoje)?
Este
Sim, o ano era 1993, tempos em que LPs haviam virado quinquilharia ante o advento dos CDs. Mas a cena acima ainda ocorre exatamente desse jeito em lojas do mundo todo. E acontece o tempo inteiro. Então saiba o que esperar.
Você pode ir a feiras de discos que existem nas grandes cidades
Usando máscara, álcool em gel e mantendo distanciamento, evidentemente.
Vale o mesmo do descrito anteriormente. Com a diferença de que ali, em meio a caixotes e lojistas, será quase impossível vender muitos discos de uma vez. Então pesquise preços e leve apenas o que há de melhor no seu acervo. Eventuais compradores não faltarão.
Mas, antes de continuar na leitura, apenas entenda
Há discos e discos. Preços e preços. Alguns LPs podem valer uma fortuna, a depender da raridade, demanda e estado de conservação. Outros chegam a custar menos que um cacho de banana. Literalmente.
Por exemplo
A edição original importada do triplo "All Things Must Pass", clássico e cultuado álbum de George Harrison, vale —projeção pessimista— 50 vezes o valor de um disco do Agepê (grande Agepê), uma trilha de novela ou um Roberto Carlos dos anos 1980. Coisa de R$ 500 x R$ 10.
Sintetizando: importa demais saber o valor do produto que você tem em mãos antes de começar a pensar em vender. Como? Internet. Buscar não dói.
Você pode montar uma lojinha virtual em um site de vendas
É alternativa que mais recomendo. Pode ser no Mercado Livre, Enjoei, OLX, Discogs. Vai dar trabalho? Vai. Mas é na internet que as melhores transações são fechadas. Porque é lá que estão os colecionadores.
Nando Reis, que já revelou o hábito por aqui, e Ed Motta, para citar só dois, são "ratos" dedicados de lojas virtuais, nas quais já revelaram ter desembolsado pequenas fortunas por grandes preciosidades.
OK, você já descobriu quanto vale o disco e agora quer valorizar ainda mais o produto.
Então...
- Troque os plásticos e lave o LP com água, algodão hidrófilo e detergente neutro. Depois, para obter uma limpeza profunda, experimente a surpreendente técnica da cola de madeira, conforme já expliquei. Se você for o feliz proprietário de uma máquina de sucção a vácuo feita para limpar vinil, melhor ainda.
- Tire boas fotos, com boa iluminação, closes de capa, selo, encarte e superfície do disco. Mire-se nos exemplos dos anúncios do Discogs.
- Não minta. Se existe um amassado na borda da capa ou um arranhão na primeira faixa que faz a música pular ou chiar (ou nenhum dos dois), isso precisa constar no anúncio.
- Como qualquer vendedor de qualquer outra coisa, responda às perguntas dos interessados prestativamente e o mais rápido possível.
- E talvez o mais importante: use o sistema internacional de classificação de discos, que afere o estado de conservação de Poor (P) a Mint (M). Já falei sobre ele nesta coluna. Isso impedirá que seu eventual cliente compre gato por lebre. E cliente satisfeito é cliente que retorna sempre.
Você vende discos e se lembrou de outras sugestões? Então diga ali nos comentários ou mande uma mensagem para mim no Instagram (@hrleo) ou Twitter (@hrleo_), falando disso e de como estou datilografando.
Porque esta coluna é feita para você, guerreiro leitor, que conseguiu chegar até o fim deste texto mesmo com tanta informação e estímulos vindos de todos os lados.
E até o próximo giro.
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