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'Guerra dos formatos': as mídias musicais que 'faliram' e você nem percebeu
Se você é um ser humano normal e já ouviu música em LPs, fitas K7, CDs ou nos streamings, é porque todas essas mídias saíram vitoriosas em um embate duro, silencioso e que mudou totalmente nossos hábitos e nossas vidas. Você já ouviu falar na "guerra dos formatos"?
Ao longo das décadas, muitas empresas tentaram despontar nesse segmento desenvolvendo suportes "perfeitos", que prometiam aliar o melhor da qualidade e comodidade. Mas muitos desses projetos se mostraram obsoletos e foram descontinuados, e talvez você nem se lembre que existiram.
Veja abaixo cinco exemplos.
a lista não inclui o LaserDisc, por ser um formato de vídeo, não exatamente de áudio.
1. Cartucho de 8 pistas (Stereo 8, também conhecido como 8-track)
O que era?
Era uma fita magnética parecida com a do console Atari que rivalizou com o K7 entre seu lançamento, em 1964, e o início da década de 1980. Recentemente ressuscitada pelo músico Mark Ronson, foi popular nos EUA —no Brasil era mais usada em rádios—, onde a indústria automotiva abraçou o formato instalando tocadores de fábrica em seus carros.
Por que não vingou?
Porque possuía limitações técnicas. Apesar de possuir qualidade de som similar à do K7, os cartuchos não permitiam rebobinar a fita, que vinha dividida em quatro "programas" selecionáveis com duas faixas cada um (daí o nome 8-track). E esses programas tinham duração fixa.
Por causa disso, ficava difícil ajustar o conteúdo de um LP de dois lados em quatros programas. Os lançamentos eram constantemente editados, com músicas cortadas e ordens alteradas. Algumas faixas eram até excluídas. Aos poucos, consumidores migraram para o K7, mais portátil.
2. Digital Audio Tape
O que era?
Foi um formato digital também baseado em fita, desenvolvido pela Sony nos anos 1980 e que prometia qualidade sonora superior e maior capacidade de armazenamento. Uma evolução das fitas K7 para os padrões de exigência da época.
Por que não vingou?
As DAT sofreram boicote por parte da indústria fonográfica americana, que atuou para impedir que LPs fossem gravados e pirateados com qualidade "perfeita" nesse novo tipo de fita. O lobby resultou em uma lei que onerou com royalties artísticos os preços das DATs e seus aparelhos reprodutores.
Diante do alto custo de produção e da instantânea aceitação dos CDs no mundo, o formato logo se tornou obsoleto e desapareceu. Passou a ser empregado quase exclusivamente em estúdios e gravações profissionais.
3. MiniDisc
O que era?
Um disco ótico de armazenamento de dados lançado pela Sony em 1992 e que mais parecia um "disquete". O marketing pregava o melhor dos mundos: alta qualidade sonora do CD, com mídia ainda mais portátil e protegida, aliada à possibilidade de gravação do K7.
Por que não vingou?
Porque, quando chegou ao mercado, os CDs já estavam em alta, e por causa disso as gravadoras não viam necessidade em investir em MDs pré-gravados, já que dificilmente os consumidores trocariam seus recém-adquiridos compact discs. Reprodutores ainda tinham curta vida útil.
O timing também prejudicou. Poucos anos depois, no final dos anos 1990, a chegada do formato MP3 e a popularização de gravadores de CDs em computadores levantaram a pá de cal para os MiniDiscs, que até conseguiram ser relativamente populares no Japão e Europa.
4. Super Audio CD (SACD)
O que era
Nada mais do que um CD de qualidade "infinita", com taxa de amostragem sonora 64 vezes maior. O projeto foi desenvolvido pela Sony e Philips, criadoras do CD, e lançado com pompa e circunstância em 1999.
Por que não vingou?
Porque a qualidade de áudio superior não fazia diferença para os ouvidos da maioria das pessoas, que vinham cada vez mais preferindo escutar música digitalmente em computadores e dispositivos portáteis, como o futuro iPod.
Desconfiadas, empresas não se interessaram em desenvolver reprodutores. E havia ainda outro sério problema: o SACD não apareceu sozinho. E isso nos leva ao quinto e derradeiro formato desta lista de arqueologia tecnológica.
5. DVD-Audio
O que era
Outro CD "anabolizado". Chegou em 2000 justamente para concorrer com SACD. O desenvolvimento foi encabeçado pela DVD Forum, organização liderada pela japonesa Toshiba, que se recusou a pagar royalties a Sony e Phillips e decidiu lançar um projeto próprio.
Por que não vingou?
Porque era ainda mais problemático. O disco não podia ser reproduzido em CD-players comuns, nem com qualidade inferior, e cobrava ainda mais que o SACD pelo uso da patente. Resultado: gravadoras se dividiram e rapidamente pulverizaram a tecnologia.
A maior parte dos consumidores não viu quase nenhum deles nas lojas, e tanto o DVD-Audio quanto o SACD se tornaram alvo apenas de audiófilos e desbravadores tecnológicos dispostos a bancar a alta definição. Em 2007, já eram considerados comercialmente extintos.
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E até a próxima datilografada!
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