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Leonardo Rodrigues

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Golpe do vinil polido: saiba como não cair nele e aprenda a comprar discos

Disco com polimento e disco sem polimento - Reprodução
Disco com polimento e disco sem polimento
Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

12/01/2023 13h35

Colecionadores conhecem esta dor. Você vai a uma loja e pesca aquele sonhado (e caríssimo) disco de vinil, que mesmo usado tem a aparência dos sonhos —sem qualquer sinal de arranhão ou marca de superfície.

Chegando em casa, o anticlímax. Ao tocá-lo, parece que estamos ouvindo um ovo sendo frito em fogo alto sobre uma frigideira engordurada. Chiados e estalos ressoam em altos decibéis.

Mas por que isso acontece?

Existem explicações práticas. Muitas vezes nos enganamos com o ângulo da luz refletida e pegamos um disco riscado. Mas o fato é que cada vez mais consumidores vêm sendo vítima de um golpe. O silencioso golpe do disco polido. Já ouviu falar?

A origem do problema

Geralmente acontece assim: donos de lojas e sebos adquirirem grandes lotes a preços convidativos na internet. Há casos em que os discos estão em péssimo estado de conservação. Riscados e praticamente inutilizados.

Temendo perder o retorno do investimento, alguns recorrem a uma saída comum no mercado automotivo: dar "acabamento" ao vinil usando ferramentas de polir.

Máquina de polimento automotivo - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O processo retira a camada superficial do LP e, com ela, os indesejáveis arranhões. O disco se torna fosco e então é "envernizado" com produtos aderentes que trazem de volta o brilho original. Praticamente renasce como novo.

O problema, óbvio, é que um disco não é um carro.

Todos os vendedores fazem isso? Não. O golpe é aplicado por uma minoria. Mas uma minoria que reverbera, já que diversos compram o vinil já dessa maneira e o revendem assim. Sem saber do problema ou testar o disco.

Mas por que esse tipo de "lixamento" é um problema?

1. O polimento joga partículas de vinil sobre a superfície e no interior dos sulcos do disco. E o acabamento fixa esses micropedaços dentro das ranhuras. Aí, não adianta nem apelar para métodos de limpeza profunda. Eles ficarão presos ali para sempre. Essa interferência é captada pela agulha do toca-discos na forma de ruídos.

2. Outro problema incontornável: parte da informação sonora registrada fisicamente no LP (clique aqui e entenda como isso é feito) se perde para sempre. Em outras palavras, o polimento lima detalhes musicais, especialmente as altas frequências. Aquele solo de guitarra, aquele prato de bateria, aquele vocal agudo. A música soa estranha, "abafada", desprovida de definição.

Até colecionadores calejados já foram enganados pelo polimento, mas há formas de identificá-lo

  • No ato da compra, coloque o disco diretamente contra luz (de preferência branca).
  • Não viu arranhão ou marca? Veja se a superfície apresenta aspecto esbranquiçado, sem brilho, beirando o fosco.
  • Teste todos os lados do disco antes de levá-lo.
  • Certifique-se que exista política de troca ou reembolso.
  • Vai comprar pela internet e não é possível cumprir os itens de 1 a 3? Foque no 4.

Veja mais

E CDs e DVDs? Podem ser polidos? Talvez você esteja se perguntando. Sim, podem. É diferente. E ainda vou escrever sobre o assunto em detalhes aqui na coluna.

Até lá, responda: você já comprou um disco polido? Já desconfiou de algum? Compartilhe sua experiência nos comentários ou mande uma mensagem para mim no Instagram (@hrleo) ou Twitter (@hrleo_). Quer ler mais textos? Clique aqui.

E até a próxima datilografada!