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Homem é condenado após faturar R$ 7 mi com discos piratas; como se precaver
Aconteceu em Hampshire, na Inglaterra. Um empresário britânico foi condenado após faturar mais de £ 1,2 milhão (cerca de R$ 7,5 milhões) vendendo discos de vinil falsos durante seis anos, publicou o The Guardian.
Richard Hutter, de 55 anos, recebeu uma sentença de quatro meses de prisão, mas a pena foi convertida em 250 horas de trabalho voluntário e multa de 373 mil libras (R$ 2,3 milhões). Ele comercializava discos de artistas famosos pela internet e cobrava até 35 libras (cerca de R$ 220) por título.
Segundo a polícia, o crime foi descoberto após um cliente fã da banda The Clash reclamar da qualidade sonora de um LP e pedir reembolso, que foi recusado. O comprador denunciou o caso às autoridades.
Policiais revistaram a casa de Hutter e apreenderam telefone e laptop. O empresário, que utilizava dois sites próprios para a venda, anunciou quase 1.200 LPs no site eBay no intervalo de um ano.
Em um primeiro momento, ele alegou desconhecer a procedência dos discos, afirmando que apenas os havia comprado na Europa para revenda. Depois, declarou-se culpado e arrependido.
O caso ganhou repercussão e acendeu, mais uma vez, um debate recorrente no colecionismo: a pirataria
Não estamos falando de bootlegs ou gravações lançadas sem autorização (leia mais aqui), mas de cópias de discos oficiais.
O comércio ilegal de discos de vinil é uma realidade há anos em países europeus, e, segundo as empresas do segmento, já afeta as receitas do crescente mercado de mídia física.
Diferentemente do que ocorre com CDs e fitas K7, criar cópias de vinil com um mínimo de qualidade é um procedimento complexo. Requer uma prensa de fábrica e mão de obra especializada —ou ao menos um maquinário caseiro, geralmente caro e pouco preciso no corte de discos.
Não é difícil reconhecer um álbum pirata, mas fato é que a procura por LPs cresceu tanto nos últimos anos que hoje há escassez de matéria-prima e um número insuficiente de fábricas de discos em operação. Era a brecha que a pirataria queria.
Já comentei aqui na coluna sobre como essa nova era pirata chegou ao Brasil. É uma questão complexa: o colecionador se vê entre a cruz e a espada diante de preços cada vez mais altos e o legítimo desejo de incrementar coleções.
Lembrando que pirataria é crime no Brasil, com pena que pode chegar a quatro anos de reclusão e multa.
Mas se você chegou até aqui e sua principal preocupação é saber identificar um disco falso para não cair em golpes, deixo cinco regrinhas básicas.
- Faça como o fã britânico de The Clash: tente ouvir o disco em um aparelho de qualidade (nada de maletinhas ou portáteis) e compare a clareza e a nitidez do som com as de outros discos. O LP parece novo, mas os agudos estão estourados e o grave sem "brilho"? É um sinal de pirataria.
- Veja, de perto, se a impressão da capa e do selo estão em alta definição. Observe detalhes como a posição das palavras, números e código de barras, se ele existir.
- Procure pelo número de série do disco, coloque-o na busca do site Discogs e acesse as fotos da edição relacionada. Ali você consegue bater detalhes gráficos e assegurar que tem um original em mãos.
- Algumas cópias piratas são extremamente bem-acabadas, mas tente observar a qualidade do corte. O disco tem rebarbas? As ranhuras não estão lá muito uniformes? Desconfie.
- Por fim, cheque o número de matriz que geralmente é gravado no "runout" (aquele espaço do vinil entre a última faixa e o selo em seu centro) e cheque no Discogs ou em outro site.
Já comprou disco que posteriormente se revelou pirata? O que pensa do assunto? Comente mais abaixo ou mande uma mensagem para mim no Instagram (@hrleo) ou Twitter (@hrleo_). Quer ler mais textos? Clique aqui.
E até a próxima datilografada!
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