Lembra da Polyvox? Ela voltou e lançou um toca-discos, e ele surpreende
Só se fala nisto no mundo analógico. A nova encarnação da Polyvox, uma das marcas mais queridas pelos brasileiros que retornou em 2017, lançou um novo modelo de toca-discos. E a notícia é grande: é a primeira brasileira a se arriscar no segmento desde o vigente "boom" do vinil.
OK, talvez "modelo novo" caiba melhor que "novo modelo": o aparelho em questão não é um projeto original, mas uma parceria com a fabricante chinesa Huizhou Haiping Electronics, que fornece equipamentos para outras companhias do mundo.
Trata-se do modelo HP-H005C, que recebeu o logo Polyvox e a alcunha XTD-67. Mas a prática não é novidade e a sopa de letrinhas é o menos importante aqui.
A Polyvox está investindo na promissora seara de toca-discos de entrada, um dos maiores gargalos do escasso mercado brasileiro, e, segundo ela, a novidade é apenas um pontapé inicial.
O plano é elevar o sarrafo das vitrolinhas e competir diretamente com modelos como o DP-29F, da japonesa Denon, e com a popular série AT-LP60, da também japonesa Audio-Technica.
E ela consegue fazer isso? Vamos aos pontos principais.
Design
O XTD-67 traz uma bela e minimalista base preta, polida e envernizada, com peso total de 4,8 kg, o que é importante para estabilidade do aparelho. O peso, por exemplo, é quase o dobro do AT-LP60.
Outra vantagem: o Polyvox exibe um projeto clássico de braço, acompanhado de contrapeso de metal e anti-skating reguláveis, a exemplo de TDs de patamar superior.
Isso não quer dizer que a agulha deixará de pular em álbuns empenados, como acontece nos corretivos aparelhos "hi-end". Mas, nessa situação, ele trabalhará melhor que os rivais.
Em outros pontos, o XTD-67 se equipara à concorrência: possui pré-amplificador embutido, braço reto e tração feita por correia —o sistema transfere menos vibração ao prato, evitando que a agulha capte sinais indesejados, como ocorre em alguns aparelhos "direct drive".
Acabamento
O acabamento é na maior parte do tempo satisfatório, especialmente o da base, considerando se tratar de um toca-discos de entrada.
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Quero receberPontos negativos: as dobradiças da tampa acrílica, as alavancas que controlam o braço e os seletores de rotação (33 e 45 RPM) são frágeis, de material plástico.
O prato de alumínio e os pés de borracha, que fornece amortecimento, compensam os problemas, assim como o braço. Apesar de ser reto e básico, ele possui qualidade superior ao do AT-LP60.
Uso
É um toca-discos "plug-and-play", fácil de se manejar. E é manual. Ou seja, é preciso posicionar a agulha na primeira faixa do disco antes de "dar play" e, quando a reprodução termina, retornar o braço à posição inicial.
Para os adeptos da função, essa pode ser uma desvantagem. Tanto o toca-discos da Denon quanto o da linha AT-LP60 da Audio-Technica são automáticos.
USB e bluetooth
Você faz questão de ligar o toca-discos no computador para gravar arquivos de áudio digitais? Então, o Polyvox não é o ideal para você. Não há saída USB.
Sua ideia é ligá-lo em caixas de som bluetooth, sejam elas portáteis ou não? Boa notícia. É possível acionar o sistema no painel traseiro, e ele funciona bem.
Som
O ponto mais importante. Testei o toca-discos em um receiver G-3000 da Sansui, conectado a um par de caixas Gradiente Master 78. E posso dizer que a qualidade do som é adequada para um modelo de entrada, similar a de concorrentes.
A cápsula é eletromagnética, um genérico modelo TSN TC01WH, com agulha também genérica e cônica (aparentemente de safira). Ela é similar à ATN-3600L da Audio-Technica.
O conjunto entrega uma boa separação de canais e um som honesto que ressalta majoritariamente frequências médias, com níveis de distorção aceitáveis —inclusive nas faixas mais internas, problema de muitos aparelhos.
Um detalhe positivo que facilita upgrades: a cápsula, que é integrada ao braço (não há shell) por um par de parafusos, é substituível e compatível com a maior parte das cápsulas de alto nível do mercado, com suporte para agulha de diamante.
A garantia de 12 meses, no entanto, será perdida em caso de troca.
Manual de instruções
Ponto importante na avaliação de um produto que possivelmente será o primeiro de muita gente. Mas não espere muito do solitário guia da Polyvox. Em apenas dez páginas, as instruções não se aprofundam e explicam mal o procedimento instalação da correia, que pode confundir iniciantes. Tutorais de YouTube fazem um trabalho melhor.
Faltam importantes instruções sobre ajuste de contrapeso, anti-skating e alinhamento da cápsula -ela já vem alinhada de fábrica, mas, em caso de subsituição, o consumidor fica na mão.
Como vantagem que vai além do manual, ele é acompanhado por um gabarito para alinhamento da cápsula.
Preço
É encontrado por cerca de R$ 1.700 (cerca de R$ 100 a mais que a maioria dos concorrentes).
Resumo
Principais prós
- Beleza
- Robustez
- Vem completo, incluindo adaptador para discos de 45 rotações
- Presenças de sistema de anti-skating e contrapeso ajustáveis, como os modelos superiores
- Possibilidade de fazer "upgrades", incluindo trocar a cápsula por uma de alto padrão
Principais contras
- Manual de instrução
- Braço manual
- Sem entrada USB
- Agulha genérica
Veredito
Apesar de alguns problemas e de não ter a excelência de "alta fidelidade", como propagandeia, o XTD-67 surpreende por reunir elementos "top de linha" e serve como uma forte porta de entrada para a música analógica.
Dificilmente ele te acompanhará por toda a vida, mas o custo benefício é atraente.
O público-alvo são consumidores que querem começar (ou voltar) a ouvir vinil em um aparelho bom e "barato" (aspas necessárias. já que custa mais que um salário mínimo), evitando as vitrolas destruidoras de discos. E ele cumpre o que promete.
Veja a ficha técnica fornecida pela Polyvox:
Nome do produto: Toca-discos Vinil com Bluetooth
Marca: Polyvox
Modelo: XTD-67
Fabricante / Fornecedor: POLYVOX TECNOLOGIA DIGITAL LTDA
Garantia: 12 meses
Cor: Preta
Voltagem: 100 ~ 240V AC / 12V DC (Fonte externa)
Comprimento / Profundidade (cm): 42
Largura (cm): 36
Altura (cm): 12,5
Pelo líquido (kg): 4,8
Mas e você? Qual sua opinião sobre o toca-discos? Escreva no campo de comentários ou mande uma mensagem para mim no Instagram (@hrleo) ou X (@hrleo_). Quer ler mais textos? Clique aqui.
E até a próxima datilografada!
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