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Nada de política: com fama de bolsonaristas, 32 sertanejos adotam silêncio
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Sertanejos são todos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL)? A fama sobre o posicionamento político do segmento musical ganhou força após alguns de seus representantes, entre os mais tocados do país, declararem apoio ao atual presidente.
Gusttavo Lima, Zé Neto, Zezé Di Camargo e Sérgio Reis já disseram em alto e bom som mensagens a favor do governo atual. No entanto, faltando três dias para novas eleições, o silêncio vem tomando conta do mundo sertanejo.
Esta coluna de Splash buscou 32 artistas sertanejos, entre os mais tocados atualmente, e a resposta de 28 deles foi a mesma: "Não falo de política". Outros quatro artistas procurados não retornaram o contato.
Zé Neto e Cristiano, Gusttavo Lima, Zezé Di Camargo e Sérgio Reis, que já apoiaram Bolsonaro, disseram, por meio de representantes, que optaram por não falar mais sobre política.
Ao lado deles, os sertanejos Eduardo Costa, Hugo e Guilherme, Israel e Rodolfo, Maiara e Maraisa, Matheus e Kauan, Matheus Fernandes, Zé Felipe, Roberta Miranda, Wesley Safadão, Henrique e Juliano, Luan Santana, Luiza Martins, Michel Teló, Lauana Prado, Leonardo, Simone Mendes e Chitãozinho e Xororó também informaram, por meio da assessoria de imprensa, que não falam sobre política. Simaria, Amado Batista e Jorge e Mateus não responderam ao contato.
A coluna destaca algumas respostas recebidas: Luan Santana não fala sobre política e não estará no Brasil para votar: ele embarcou para os Estados Unidos a trabalho. Zezé Di Camargo, segundo a assessoria, apoiou Bolsonaro apenas no passado e optou por não falar mais do assunto. O empresário de Sérgio Reis disse que o artista "já teve problemas ao falar de política" e, por isso, não aborda mais o tema.
CPI do sertanejo x 'tororó'
O silêncio dos sertanejos predominou após Zé Neto, dupla com Cristiano, em junho, criticar artistas que usam a Lei Rouanet e ironizar a tatuagem no "tororó" de Anitta. O episódio desencadeou a "CPI do Sertanejo", em que diversos shows com altos cachês pagos por prefeituras passaram a ser investigados pelo Ministério Público.
O nome mais citado nos contratos investigados foi o do sertanejo Gusttavo Lima. Com o cachê mais alto, que pode ultrapassar R$ 1 milhão, o cantor teve problemas em pelo menos cinco apresentações nos estados de Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.
Em meio à repercussão do episódio, Anitta declarou apoio a Lula, e os sertanejos decidiram não falar mais sobre política.
Por que sertanejos se calam?
A coluna conversou com Marcão Blognejo, jornalista especializado no meio sertanejo, sobre a ausência de posicionamento político no segmento. Ele fala de represálias.
O gênero sertanejo, por depender diretamente e principalmente de feiras agropecuárias para a realização de shows, acaba ficando entre a cruz e a espada. Se o posicionamento do artista é contrário a Bolsonaro, há represália por parte dos sindicatos rurais mais radicais.
O especialista no meio sertanejo continua: "E se o posicionamento é favorável ao atual presidente, há um certo receio do mercado publicitário e de veículos de mídia em dar palco ao artista. Os artistas sertanejos que podem nutrir qualquer sentimento anti-Bolsonaro preferem não se manifestar, nem mesmo no círculo musical".
Marília Mendonça foi 'ele não'
Nem todos os sertanejos que já deram seu posicionamento político foram a favor de Jair Bolsonaro. Marília Mendonça, morta em novembro de 2021 em um acidente aéreo, aderiu à campanha "Ele não" em 2018, contra a eleição do atual presidente.
"Não é uma questão de opção política, é uma questão de bom senso! A favor do amor e das nossas conquistas que não podem ser apagadas assim", escreveu a artista na época.
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