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Elisa Lucinda é mãe evangélica em novela: 'Fugi do caricato e preconceito'
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Ela será Marlene, mãe da protagonista Sol (Sheron Menezzes) na novela "Vai na Fé", que estreia amanhã. Elisa Lucinda, 64, que segue o candomblé, fará uma matriarca evangélica na trama, e vê o papel como uma oportunidade de fugir do caricato e de qualquer preconceito.
Essa oportunidade é um exercício de respeito e tolerância às outras fés. Estou amando a Marlene, aprendo louvores com amor. Não a trato com preconceito, e espero que o Brasil aprenda a lição e não nos trate [pessoas de religiões de matrizes africanas] com tanto desprezo.
'Vai na Fé' será novela evangélica?
- Sheron Menezzes viverá uma protagonista cristã na trama
- A autora, Rosane Svartman, diz que já criou outras personagens religiosas
- Ela explica que a religiosidade não será um pilar da novela
- A Globo fez uma pesquisa que apontou a necessidade em conversar com os evangélicos
Ainda em entrevista a esta coluna de Splash, Elisa comenta o fato da Globo estar dando espaço para protagonistas negros e desabafa que conhece grandes artistas que passaram uma vida servindo café na teledramaturgia.
Daqui a pouco teremos cinco novelas no ar com negros protagonistas. É um avanço feito por nossas lutas, nossa postura e denúncias. Isso é precioso. É demorado. O que temos agora é pouco, mas também é muito.
Visita ao pai de santo. "Visitei um pai de santo que nunca tinha ido na minha vida. Chego para ele e digo: 'Olha, fui chamada para fazer uma novela e estou cheia de convites, de streaming, não sei se aceito'. Ele olha para mim e diz: 'Vai na fé'. E não tinha nem o nome da novela ainda, foi em maio. É a sabedoria do sagrado".
Candomblé. "É algo muito atraente para mim. Umbanda é mais sincretismo, candomblé é raiz. Gosto da relação com a natureza, você não se desliga nunca. É a religião mais ecológica que existe."
Personagem evangélica. "Ela é uma 'evangélica raiz' do ponto de vista do amor ao evangelho. O amor passa por cima do moralismo. Me inspirei em algumas pessoas que conheço, uma delas é a Ilca, mulher de um pastor e mãe da minha assistente. Eles são modernos, petistas e evangélicos, muito amorosos."
Inspiração para Marlene. "Nosso audiovisual é cruel com estereótipos. Colocam um pai de santo caricato, desrespeitoso. Fugi da evangélica caricata. Me inspirei nas minhas tias. Eram pobres, muito bem vestidas, atentas com sua aparência e com muita dignidade.
Protagonismo negro nas novelas. "O que a gente tem de avanço é pouco, mas é precioso. Eu não pude ser mocinha, não por falta de 'boniteza', o problema foi racial. Já era um desejo da Sheron, que está há 20 anos na Globo. Eu falei: 'comemore!'. E teve gente, antes de mim, que morreu sem ter um papel que eu tenho hoje na minha idade. Grandes atores negros passaram a vida na teledramaturgia entregando café."
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