Diretor de 'Fuzuê': 'Acomodados impediam a chegada de bons atores na Globo'

Fabrício Mamberti assumiu a direção artística de "Fuzuê" - novela das sete que estreia no dia 14 de agosto, na Globo - com o projeto já em andamento, após Leonardo Nogueira deixar a emissora. A mudança, segundo algumas notícias que circularam na mídia, teria deixado elenco e equipe apreensivos, com a possibilidade de cortes e substituições.

No entanto, em conversa com este colunista de Splash, o diretor da Globo afirma que não se considera vaidoso a ponto de mudar tudo em uma novela só porque entrou para um projeto. Ele elogia as escolhas do diretor antigo e fala dos desafios assumidos na trama escrita por Gustavo Reiz.

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"A minha entrada na novela foi quase uma convocação, né? São 30 anos de casa, com 20 novelas. O Leo teve questões pessoais e eu vim para o projeto já em andamento. O diretor artístico precisa definir tudo para deixar com a sua cara, mas eu já tinha uma equipe muito amiga e um elenco maravilhoso. Entrei e falei: gente, não muda nada! Só acertamos e trouxemos algumas coisas de conceito", conta.

Mamberti afirma que os desafios na direção artística já começam no primeiro capítulo. O público receberá muita informação, muitos cenários, e tudo precisa estar alinhado.

"Temos a loja Fuzuê, a joalheria da Marina Ruy Barbosa, o Beco do Gambá, tudo isso já logo de cara no primeiro dia. O meu papel é buscar um equilíbrio estético para que as narrativas não briguem".

O diretor teve três meses de trabalho antes de começarem oficialmente as gravações.

A vantagem do texto do Gustavo é que ele escreve parecendo um filme, tudo conversa. Não tem uma cena que não converse com a outra. Já estou editando o capítulo 15, e todos os atores estão brilhando. Essa é a vantagem de fazer uma novela com 35 atores, antes a gente fazia com 60 ou 70, era difícil, com atores divididos em fases.

Atores caros não queriam novela

Ainda em entrevista, Fabrício Mamberti fala sobre a oportunidade que atores estreantes têm ganhado na Globo. As novelas também estão apostando mais na diversidade, e fugindo da repetição de elenco, algo que acontecia bastante nos folhetins até uns anos atrás.

"Se repetia muito elenco porque era mais fácil apostar em atores que estavam 'acontecendo', até mesmo comercialmente. Fulano já estava contratado, por que vou trazer alguém novo do mercado? Acabava que tínhamos atores acomodados que impediam a chegada de atores bons, do teatro e cinema. Não dava", diz o diretor.

Ele aprova o novo modelo de contrato da Globo, em que a maioria dos atores só faz parte da emissora enquanto está gravando uma novela. É o famoso "contrato por obra".

Tinha certos atores com salários ótimos, com a vida maravilhosa, e que não queriam fazer novela. Era um saco. Um personagem tão bom, eu tenho um ator caro, e ele não quer fazer o trabalho. Com essa redução, conseguimos trazer gente do mercado, que vem com muito mais tesão. Isso renova as novelas de forma positiva.

Questionado sobre o que não cabe mais na hora de um elenco ser escalado, Mamberti solta o verbo:

Não cabe mais escalarmos um elenco pela amizade, tem que ser pela qualidade e excelência. Não cabe mais termos indicações para personagens de atores que não são bons. Isso, com um elenco pequeno, não tem mais espaço, graças a Deus.