'Sofri todos os tipos de assédio e não entendia sobre', diz Taís Araujo
Taís Araujo participou nesta semana de uma ação na Cinelândia, no Rio de Janeiro, contra assédio em lugares públicos e privados. Em conversa com este colunista de Splash, a atriz diz já ter sofrido com situações que na hora não percebeu e que foi necessário ouvir e falar muito sobre o tema para entender e se reeducar.
É fundamental falar sobre assédio porque é algo que acontece o tempo inteiro, né? Trazermos esse assunto para a praça pública, para a Cinelândia, é muito importante. Quanto mais as pessoas tiverem consciência sobre, melhor.
A ação da qual a atriz participou, uma parceria do Grupo L'Oréal Brasil com a Prefeitura do Rio de Janeiro, levantou cem estátuas em tamanho real, sendo 88 delas pintadas de laranja, representando a porcentagem de mulheres que já passaram por alguma situação de assédio ao longo de sua vida. Além de Taís, a secretária de Direitos das Mulheres do Rio, Joyce Trindade, também marcou presença no evento.
Em discurso na Cinelândia, Taís confidenciou que só entendeu sobre os assédios sofridos após muito ouvir e falar sobre o assunto. Questionada sobre o tema, a atriz afirma:
Não temos só o assédio sexual ou importunação, são muitos os tipos. Eu reconheci os assédios que eu sofri ouvindo falar, lendo sobre, e percebendo que eu me encaixava em 100% das situações. Sofri todos os tipos de assédio e não entendia sobre. A sociedade naturalizou comportamentos. Discutir sobre isso é trazer uma oportunidade de se reeducar e fazer um mundo mais seguro.
Esta não é a primeira vez que a atriz fala sobre o assunto. Em outras entrevistas, sem muitos detalhes, Taís Araujo comentou sobre situações de assédio em que vivenciou.
'Preciso me reeducar para educar meus filhos'
Mãe de João, de 11 anos, e de Maria, de 8, Taís Araujo diz que também fala sobre o tema em casa, mas afirma que, antes de educar os filhos, precisa passar por um processo de reeducação. "Tenho que olhar primeiro para mim antes de educar meus filhos. Fui educada de uma maneira que deixou o machismo e o racismo dentro de mim. Não só eu, nós todos aqui. Agora sigo o tempo inteiro alerta às minhas atitudes e pensamentos."
Vira e mexe eu erro e descubro que falei algo que não é correto. Descubro palavras que não podem ser usadas. 'Ah, mas eu gostava de usar elas'. Sinto muito, é? Não dá mais. E assim vou me reeducando para estar pronta para falar também com meus filhos.
A atriz ainda reforça que combater o assédio contra as mulheres é também um papel fundamental dos homens aliados. "O mundo é muito seguro para os homens. Eles andam tranquilamente pelas ruas. Nós não temos coragem, temos medo, e de fato corremos risco."
Como denunciar violência contra a mulher
Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 9610-0180.
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Se houver intuito de denunciar, a orientação é buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres. Caso não haja essa possibilidade, os registros podem ser feitos em delegacias comuns.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.