Cissa Guimarães: 'Globo me dispensou após o público me aprovar em pesquisa'
Cissa Guimarães retorna às telinhas nesta segunda (26), no comando do novo "Sem Censura" na TV Brasil. A apresentadora, dispensada da Globo em 2021 após mais de 40 anos na emissora, conversou com exclusividade com a coluna e contou, além das novidades na carreira, se guarda alguma mágoa do "plim-plim".
Na época da demissão, ao saber que não teria seu contrato renovado, Cissa fez um desabafo que viralizou. Ela afirmou não acreditar no motivo dado pela empresa sobre questões financeiras, e apontou que outros apresentadores seguiriam contratados e ganhavam mais do que ela.
"Não tenho mágoa. O que falei [na época] é que eu não esperava e achei que ficaria mais tempo. Fizeram uma pesquisa um pouco antes [da demissão] que perguntava ao público qual o apresentador do 'É de Casa' mais poderia entrar em sua casa. O primeiro nome apontado foi o meu. Falei: 'Opa, estou bem na foto pra caramba!'. Não esperava [ser dispensada]. Estava em um programa no ar, com uma pesquisa favorável ao meu trabalho, e tomei um susto", conta.
Cissa, no entanto, elogia a Globo e os anos em que trabalhou na emissora:
Gosto de trabalhar e, por isso [na época], fiquei meio tristonha. A Globo não deixa de ser uma 'mãezona'. Você fica meio órfão [...] Mas não houve nada [de ruim]. Minha saída foi com portas abertas, falo com diretores e sou amiga de várias pessoas lá dentro. Eu falo a verdade, né? E, de vez em quando, deturpam o que eu falo. Tomei um susto, mas entendo as razões [da demissão]. Não há problemas.
Já foi censurada no trabalho?
Aproveitando o tema "censura", Cissa respondeu se já se sentiu proibida de algo em sua vida profissional e pessoal. "Já me senti censurada sim. Quando você faz parte de um esquema, de um jogo, você topa as regras. Então não pode fazer o que dá na sua cabeça, tem que se encaixar naquilo", afirma.
Ela lembra justamente de um episódio na Globo em que pensou que seria demitida ao usar uma frase que daria sentido político no período pré-eleitoral.
Uma vez, no 'É de Casa', a conversa era sobre assédio, sobre o 'não é não'. Mas estávamos às vésperas das eleições, eu estava indo para as ruas, militando, e ao invés de 'não é não', eu olhei para a câmera e falei: 'É muito simples, ele não!'. Na hora eu pensei: 'Puts, vou ser demitida!'. Existia uma questão de não falar sobre política e tudo mais, mas não aconteceu nada, foi tudo bem.
A autocensura é também um ponto levantado pela apresentadora. E, ao exemplificar, ela cita o medo que tem de ser atacada nas redes sociais.
"Não gosto quando você, como cidadão, acaba com medo. Quando não respeitam a sua liberdade. Eu apanho muito nas redes sociais quando me coloco. Fico assustada. Tem uma coisa muito polarizada e, basta emitirmos opinião, para apanhar. Isso não gosto. Mas tudo bem, continuarei me colocando e peço apenas que me respeitem", diz.
A volta do Sem Censura
Ao lado de Cissa, na entrevista, estava Antônia Pelegrino, diretora de conteúdo e programação da EBC. Partiu dela o convite para que a apresentadora comandasse o novo "Sem Censura".
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Quero receber"Não tive a menor dúvida quando recebi o convite. Sabe quando você entra em uma loja, experimenta uma roupa e ela cai perfeita? Nem bainha precisava fazer. Já podia estrear", comemora.
O "Sem Censura", pertencente à EBC, empresa estatal que faz comunicação pública, saiu do ar durante a pandemia e o governo Bolsonaro.
Cissa comenta: "Acho que foi uma censura. Pelo menos um castiguinho foi. Colocaram de castigo!".
Com novos quadros, debatedores, entrevistas e atrações musicais, o "Sem Censura" volta à programação na TV Brasil de segunda a sexta-feira, ao vivo, das 16h às 18h.
Estarão junto de Cissa Guimarães a comediante Dadá Coelho; o diretor de cinema e teatro, Rodrigo França; e a jornalista cultural e radialista, Fabiane Pereira. Eles se revezam na atração com outros nomes que já são da emissora. Dentre eles, a jornalista e apresentadora Katy Navarro, que já comandou o Sem Censura em outras temporadas; a cantora, jornalista e também apresentadora de atrações musicais da TV Brasil, Bia Aparecida; e o jornalista e influenciador digital, Murilo Ribeiro, o Muka.
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