Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como Fiuk, quem consegue ficar consigo mesmo leva melhor o BBB e a pandemia
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O Brasil se choca cada vez que Fiuk, menino fumante, se dá bem em uma prova de resistência. De onde vem a força de um rapaz que fuma o tempo todo? As propagandas antitabagistas estiveram erradas esse tempo todo? Quanto mais fuma, mais forte fica e mais aguenta?
Quem explica o fenômeno?
A prova dessa quinta (28) repetiu a dose. Logo depois da explicação de Tiago Leifert sobre como funcionaria o carrossel que levaria um dos participantes à final, teve gente que já estava desistindo no Twitter. Eu inclusa.
Imagina ficar girando sem prazo para acabar? Qualquer um que já esteve no pesadelo que é um gira-gira de playground sabe que isso não é vida. Camilla de Lucas já começou vomitando, Juliette saiu seis horas depois, Gil desistiu depois de mais de 10 horas e quem sobrou? Fiuk. O resistente.
As piadas com o cigarro fazem sentido nas provas de fôlego. Mas é difícil que uma de resistência do Big Brother priorize quem tem histórico de atleta — seria injusto com os outros mortais. Então, o que Fiuk tem?
Ele consegue ficar com ele mesmo. Acostumado a estar sozinho com suas ideias, Fiuk, aguenta a si. Mais do que ficar em pé, ou correr, ou aguentar o frio, o sono, a chuva, a vontade de fazer xixi, você já reparou como é difícil ficar com suas próprias ideias?
Claro que todo mundo já reparou: vivemos em uma pandemia há eternos 14 meses. Todo mundo teve que se encarar por algum momento num tipo de prova de resistência, sem diversão que distraia adequadamente.
É uma viagem para dentro meio forçada. E a passagem é só de ida.
Curioso que Fiuk sempre diga que entrou no Big Brother para se aceitar, porque tinha medo de se mostrar como era. Esse receio dele rendeu uma incrível capacidade de ficar consigo mesmo. Conhecer seu corpo, conhecer seus limites, conhecer sua mente a ponto de conseguir ficar com o turbilhão que vem nela após 12 horas imóvel. Tocando uma bateria imaginária na própria cabeça.
E ainda a segurança de ficar pelado, de dar selinho num homem na televisão, de expor fragilidades ao extremo? Para poucos.
Veja só: o medo dele era se mostrar diferente. Mas o diferente dele é igual a todo mundo e ele nem imagina isso. O cara que veste o avental e cozinha para todo mundo. Que chora, sim. Quem nunca fez um molho de macarrão às lágrimas? Que briga por calda de chocolate às vezes. Que faz amigos, dá em cima de alguém, toma uns foras. E tem defeitos — um monte. Igualzinho nós. Fiuk é parecido com a gente. Se era esse seu maior medo, nem precisa mais se preocupar.
Mas tem uma coisa que ele pode nos ensinar: se achar uma boa companhia para si mesmo, quando o negócio é você com você. A gente aqui fora anda meio fora do eixo. Provas de resistência todo dia e nem sempre dá para escapar de uns paredões de tristeza. Essa agonia leva muita gente a furar o isolamento e fazer as coisas de antes, para dar um alívio para a cabeça. A consequência pode ser pior ainda. Melhor se aguentar do que espalhar ou pegar o vírus.
A gente vai indo. Diferente todo mundo é. E se aceitar é mais importante que ser aceito pelos outros. Aí a gente fica invencível.
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