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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pyong Lee na traição que não era traição: ele está errado ou não?

Antonela e Pyong Lee na Ilha Record: trair não é só beijar na boca, não - Reprodução / Internet
Antonela e Pyong Lee na Ilha Record: trair não é só beijar na boca, não Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

17/08/2021 11h28

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Passei minha infância escutando a máxima: "o brasileiro só é solidário no câncer". Na verdade, a frase original do escritor Otto Lara Resende falava sobre seus conterrâneos mineiros. Mas, em tempos de pandemia, normalização da morte evitável... enfim, podemos dizer que o forte do nosso país não é solidariedade.

E, se não nos solidarizamos quando o próximo corre risco de morte — note que uso o "nós" apenas para me enquadrar como brasileira, não que sinta isso ou espere que você, leitor, sinta o mesmo — como é que vamos ser decentes em casos mais leves, como um evento de traição isolado?

Tudo isso para dizer que o Brasil parou para assistir o rumor de traição de Pyong Lee com Antonella Avellaneda na Ilha Record na segunda (16). O fato já tinha sido bastante divulgado antes do reality show apresentado por Sabrina Sato começar, quando um dos teasers mostrava os dois participantes no edredon — em clássico dos reality shows há 20 anos. Daí para frente, outras evidências: Sammy anunciou a separação do marido logo quando as gravações acabaram.

Pronto, se instaurou a instituição que mais funciona no país: a fofoca.

O público passou a dar a traição como certa até a noite de ontem quando, sob o mesmo edredon, apesar da insistência da moça, o rapaz disse que não faria nada com ela. Afirmou que estava na vibe de um homem casado, feliz e com filho. Fez o que se espera de um homem casado nos moldes tradicionais monogâmigos, afinal. Não trair.

Aí o brasileiro, aquele que não é lá muito solidário, ficou decepcionado com o fato da instituição fofoca ter falhado. Analisando por cima, Pyong estava falando a verdade desde o início. Se traição é beijar na boca e passar a mão ou outras partes nas partes do corpo do outro... bem, ele não traiu.

Mas o que é traição, afinal?

Depende do seu contrato de casamento. Tem gente que acha que transar com outras pessoas não é traição. Tem gente que acha ok transar, desde que esteja convidado para observar. Tem de tudo nessa vida e cada relação tem regras próprias. Tem casal que não tolera que a pessoa tenha amigos do sexo oposto — acho meio complicado esse jeito aí de exigir fidelidade, mas quem sou para julgar.

Agora, deitar embaixo do edredon com alguém que está interessado em você, sendo você casado... isso pode ser estranho dependendo de como foi combinado o pacto do casal.

Quando alguém dá em cima de uma pessoa comprometida, o que pode acontecer, claro, tem mil jeitos de deixar claro que não é bem aquilo. Ficar dando risadinha enquanto diz não está longe de me parecer o ideal.

Pode ter sido esse, inclusive o motivo do divórcio: imagina você em casa, como Sammy, há dois reality shows com bebê pequeno e o marido morando fora. Qualquer imagem dele embaixo de um edredon com alguém já é mais do que se pode aguentar, mesmo que não tenha havido beijo na boca ou mãos ali e aqui.

A resposta para a pergunta ali em cima é a seguinte: traição é o que o casal acha que é traição. Se eles acharem a mesma coisa, é difícil que sejam infiéis um com o outro. Se não concordarem com isso, correm o risco de se magoarem e o relacionamento acabar.

Quer mais simples? Não faça com os outros o que você não quem que seja feito com você. Solidariedade também tem a ver com isso.

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