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Ana Thais Matos mostra por que precisa ter mulher comentando futebol, sim
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Que futebol é um esporte machista não é novidade. Mas também é palco de impunidade para agressores de mulheres. E isso não nos deixa de impressionar.
O primeiro caso que vem à cabeça é o de Bruno, o goleiro. A história todo mundo sabe: é condenado por ser mandante do assassinato de Elisa Samudio, mãe de seu filho. O crime bárbaro tem retoques de crueldade que talvez nem valha mais a pena frisar. O corpo de Elisa nunca foi encontrado.
Bruno, após cumprir 10 anos de prisão, foi liberado para liberdade condicional. Foi contratado por alguns times de futebol. Alguns deram para trás. Em várias ocasiões, posou para fotos com fãs e causou frisson por onde passou. O futebol perdoa facilmente os assassinos. Não devia perdoar? Sim, todos merecem uma segunda chance. Mas para isso precisam se arrepender. Bruno nunca falou a respeito do crime.
Na noite de quarta (18), Vilanova e Vitória se enfrentavam pela Série B do Brasileirão. Wesley Pionteck, condenado por agredir uma namorada com uma faca em 2019, estava em campo. O crime que ele cometeu não foi tão midiático quanto o de Bruno. Pouca gente se lembra. Ele cumpre pena aberta — ou seja, pode trabalhar.
O futebol é muito cheio de homens que podem acabar tendo uma memória curta para violência contra a mulher. Mas lá estava Ana Thais Matos, comentadora da Globo e Sportv, para não deixar ninguém esquecer.
Ao vivo, durante a transmissão na TV, ela lembrou que os argentinos têm cláusulas que podem romper contratos de jogadores que agredirem mulheres. Aqui, não. Além de aceitos nos clubes, eles podem ser ovacionados. E mais: mesmo que não sejam festejados, é normal que sejam citados em transmissões durante a partida como se esse fato do passado tivesse deixado de ter importância.
Wesley esfaqueou uma mulher. Está em campo como se nada tivesse acontecido. Os torcedores do Vitória gritam seu nome.
Ainda bem que Ana Thais está lá para tornar o episódio indigesto. O narrador Jader Rocha completou a informação. Para que a gente não esqueça o que vivem mulheres agredidas por parceiros todos os dias. Para não se normalize o aplauso ao agressor.
O jogo foi 0 a 0. Só Ana Thais marcou ontem.
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