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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mayra Cardi tem razão: amor próprio é fazer aquilo que te faz bem

Mayra Cardi e Arthur Aguiar já se separaram, mas estão juntos - Reprodução/Instagram
Mayra Cardi e Arthur Aguiar já se separaram, mas estão juntos Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

13/01/2022 13h43

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Especulação de traição dos outros é refresco para os fofoqueiros ávidos por qualquer coisa que tire um pouco da realidade que vivemos. Por isso, o relacionamento de Mayra Cardi e Arthur Aguiar é um prato cheio de idas e vindas: o casamento já foi classificado até como abusivo pela própria influencer em um dos rompimentos e ela já afirmou que foi traída 16 vezes.

Com os ventos soprando que Arthur estará no BBB, o assunto volta à tona. Mayra e o ex estão juntos novamente. E agora ela o defende. Afirma inclusive que os homens são criados pelas mães para serem pegadores e por isso se comportam assim, traindo as esposas. Opa, não é bem assim. Primeiro porque a culpa não é da mãe de ninguém. Segundo que não são todos os caras que acham impossível refrear o desejo e ter uma relação de respeito com mulheres. Aliás, acredite ou não, está cheio de homem legal por aí.

"As mulheres que me encontram na rua e falam: eu não vou admitir, eu amo o meu marido mas eu não vou voltar com ele porque eu me amo. Eu falo para ela: não é que você se ama, é que você tem orgulho. Porque se você se amasse, você não estaria fazendo isso com você", ela diz. Orgulho é um sentimento nocivo mesmo. Mas se amar é libertador: você percebe que não precisa passar por certas coisas só porque o sexo é incrível e a conchinha que vem depois é gostosinha. Dá para ficar sozinha por um tempo e ficar ótima.

Mayra tem razão quando diz que ter amor próprio é fazer aquilo que faz bem. A questão é que amor próprio não pode ser um sentimento hedonista, que busca a sensação de prazer imediato. Quando você volta com o abusador, vive um período de lua de mel em que é possível negar o período de inferno anterior. Parece que o sofrimento nunca existiu. Dá uma paz enorme mas infelizmente efêmera — porque a gente vive com medo de tudo acontecer de novo.

Amor próprio, eu diria, é fazer aquilo que te faz bem a longo prazo.

Mas ela teve tempo de pensar, escolheu perdoar e nem precisa justificar — pode fazer o que quiser de sua vida.

O ciclo do relacionamento abusivo

Quando a influencer veio a público dizer com muita clareza tudo o que sofreu no relacionamento, há um ano e meio, estava de fora vendo o que acontecia com ela mesma. No auge da dor, decidiu escolher pelo rompimento. Mas estava sentindo o peso da escolha: "Você ama seu abusador. É por isso que é uma relação abusiva. Você não está amarrada, você não está presa, e você não quer terminar", ela disse na época. O discurso me tocou profundamente porque quando você decide falar esse tipo de coisa alto, provoca uma mudança nas pessoas. Ninguém mais vai olhar seu relacionamento com bons olhos se você mudar de ideia depois, o que de fato acabou acontecendo com Mayra e Arthur.

Ela tentou expor a situação no auge da dor e assim alertou várias mulheres que viviam situações parecidas a se libertarem — digo isso porque, à época, muitas leitoras me escreveram no Instagram encorajadas a romperem suas relações abusivas após lerem meu relato e o de Mayra. É muito bom quando isso acontece.

Houve inclusive uma comoção no meio de 2020 que indagava o que Arthur Aguiar tinha para atrair tantas mulheres. A resposta nós provavelmente veremos ao vivo nos próximos meses.

O que houve depois — ela decidir voltar com o homem que a traiu — também é comum para várias mulheres. É difícil ficar sozinha, é complicado terminar com alguém amando a pessoa, é quase impossível resistir ao retorno quando o homem volta arrependido dizendo que mudou e nada daquilo nunca mais vai acontecer — até a próxima vez.

Por tudo isso, começam os bolões maldosos apostando que Arthur trairá Mayra novamente em rede nacional. Espero sinceramente que não. Atacar uma mulher que tem filho e vive um ciclo desse há tanto tempo com tamanha repercussão pública parece cruel demais. Já deve estar difícil o suficiente para ela defendê-lo publicamente para sustentar a sua própria decisão. Mas já que o negócio de todo mundo é fofoca, olhar de fora, com olhos autocríticos, parece a melhor solução para as pequenas situações do dia a dia em que encaramos abusos cotidianos por amor, costume ou medo de ficar sozinha. A gente sempre pode aprender algo quando olhar para si — esse é o verdadeiro amor próprio.

Você pode discordar (ou desabafar) comigo no Instagram.