Amigo que só se importa consigo mesmo: quantos Arthur tem na sua vida?

Arthur é o favorito a ganhar o Big Brother e deve vencer a competição com uma popularidade recorde. No jogo, fala muito de si — mas não dá para julgar quem faria diferente quando relações com desconhecidos estão valendo prestígio na mídia e 1,5 milhão de reais.

Nas 36 horas em que foi falsamente eliminado, o cantor e ator deu várias demonstrações de como vê amizade e lealdade. Se irritou com Gustavo e Pedro Scooby, por exemplo, porque o primeiro pegou o crédito de uma teoria dele e o segundo estava feliz. O jogo é feito para que as pessoas fiquem ensimesmadas mesmo. Mas precisa ser tanto?

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Arthur divide opiniões

A postura de Arthur, que desperta tanta empatia e fanatismo de um lado, irrita algumas pessoas. Isso porque lembra um estereótipo de gente que conhecemos muito bem. Quem não tem um amigo que fala só de si? Que patrulha a felicidade dos outros? Que cobra devoção, custe o que custar? E não estou falando de gente tóxica, não — ok, talvez um pouco.

Há amizades que duram anos até que a gente perceba que nunca consegue contar uma coisinha sequer sobre nossas vidas. O monólogo de alguns amigos não abre espaço para a troca. É uma avalanche de informações e histórias onde nossa opinião não cabe.

É muito complicado se dizer amigo de alguém e controlar a felicidade do outro, por exemplo. Parte-se da premissa que amigos sempre ficam felizes pela alegria de quem amam. Agora, se alguém fica feliz porque você saiu de perto... não seria a hora da autoavaliação? Talvez sua presença tenha sido um peso para aquele amigo nas últimas semanas... vai saber.

Outra coisa é ficar bravo com o fato de algum amigo usar uma ideia sua como se fosse dele — não dá para cobrar crédito de teoria que surge em conversa de bar. No fim, quando a gente concorda muito com uma coisa, acaba se apropriando daquilo. Precisa ficar bravo com isso? Quem sabe de onde surgiu uma ideia quando termina uma bebedeira?

Amizade é por duas vias, sempre. Se a gente passa o tempo todo discutindo sobre apenas uma parte, tem algo errado nessa relação. E às vezes nem percebemos porque saímos de alguns papos com aquele peso nas costas — poxa, não dá para se sentir pleno se só dá e não recebe nada. É tipo a protagonista de Eu Nunca, série da Netflix: jovem que se indispõe com todo mundo porque só pensa em si e nos próprios problemas. Ela é adolescente, dá até para entender. Mas insistir na imaturidade aos 30 anos... complicado.

Tem nada mais gostoso do que receber um Whatsapp sincero no meio da tarde que quer saber "como você está?". Imagina que delícia se preocupar com alguém que também se preocupa com você na mesma proporção? Aí sim, é gostoso se gabar por aí de ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Você pode discordar de mim no Instagram.