Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Está difícil encarar a semana de cinco dias? Inspire-se em Sabrina Sato
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Eu não sei vocês, mas acordei meio triste porque a semana tem cinco dias dessa vez. Mas antes de pisar fora da cama com dor em tudo, só me veio uma pessoa à cabeça: Sabrina Sato. Se ela consegue fazer tanta coisa, por que eu seria diferente?
Ah, vocês vão dizer que a Sabrina é rica. Milionário também cansa, ué. Ou pelo menos deveria cansar. Quando a apresentadora desfila em duas escolas na mesma noite, com uma preparação digna de noiva para cada uma, com um voo de 450 km no meio, com o pânico de acontecer qualquer coisinha e atrasar... dá para imaginar que ela ficou exausta, sim.
A rotina de Sabrina na noite de sábado do Sambódromo para a Sapucaí é parecida com a da mulher comum, guardadas as proporções midiáticas. Acordar cedo já pensando em deixar o almoço pronto é desfilar em São Paulo de olho no Rio de Janeiro. Cozinhar o feijão no domingo para facilitar a vida durante a semana é nosso jatinho particular esperando prontinho para a gente dar conta de fazer tudo o que se propõe. A dificuldade é que a gente mesmo que mesmo que pilota o avião, digo, o fogão.
Só de adereços na cabeça, Sabrina Sato carregava quatro quilos. Não sei calcular quanto pesa minha carga mental, mas chuto que seja algo semelhante. No fim de tudo — fim é licença poética, a maratona da mãe nunca termina — estamos largadas em algum assento tentando corresponder à energia dos filhos e brincar. No sofá de sua casa, depois de tudo isso, Sabrina deixava a filha Zoe "arrumar" seu penteado. "Que produto é esse que você está passando no meu cabelo, filha?", ela pergunta. De lustra móveis a cola bastão, a reação da mãe exausta é apenas permitir.
Quanto você lutou para chegar exatamente onde está?
Ex-namorado de Sabrina, João Vicente Castro citou certa vez no Papo de Segunda um episódio de Sabrina no Carnaval:"Ela estava com os pés em carne viva, depois de dois dias de desfile, chegando no hotel às 6h da manhã. Era a troca de turno dos funcionários e tinha uma fila enorme de gente para tirar foto com ela. Eu puxei e disse: Sabrina, não dá para atender tanta gente", ele contou. Mas a apresentadora disse que havia sonhado a vida toda chegar naquele momento (de ser um sucesso, de ser amada) e atenderia os fãs, sim.
Quer dizer que ter energia para aguentar o batidão da vida também tem a ver com gratidão? Pois é.
E a gente tem que ser grato por ter que brincar com o filho no único momentinho de descanso? É, sim. Quando termina a matéria do Fantástico que retratou a noite maluca que a Madrinha de Bateria em dose dupla viveu, a repórter vai perguntar como foi. Sabrina diz: "Conseguimos", bem emocionada. Ter com quem dividir os triunfos (do feijão cozido de cada semana até os grande feitos de repercussão nacional) é primordial. Solidão cansa ainda mais. Aproveitando: a exausta que habita em mim saúda a exausta que habita em você. Que ninguém se sinta sozinha na hora que o almoço chega cheirosinho à mesa. Nem quando a gente fez um macarrão instantâneo enquanto fazia reunião — acontece, ué.
Tá, mas o que isso tem a ver com minha semana começando nessa segunda de manhã e indo sem cobertura no Fantástico até sexta (para continuar sábado e domingo e culminar em mais feijão cozido)? Deve haver algo que a gente sempre quis em tudo isso que a gente faz todo dia reclamando de cansaço. E aí o modo de encarar os cinco dias muda — e quem sabe a gente acha um pouquinho do sábado na rotina da terça, da quarta, da quinta...
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