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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Wanessa, Buaiz e o peso da expectativa de familia feliz no Instagram

 Wanessa com os dois filhos, João Francisco e José Marcus   - Reprodução Instagram
Wanessa com os dois filhos, João Francisco e José Marcus Imagem: Reprodução Instagram

Colunista do UOL

04/05/2022 04h00

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Divórcio é sempre triste, divórcio com filhos mais triste ainda. A expectativa de família envolve a utopia do felizes para sempre que aprendemos a admirar nos contos de fadas. Para isso, é preciso ter esposa, marido e filhos sorridentes na foto como um clássico comercial de margarina. A imagem vem à cabeça quando Wanessa anuncia o seu divórcio após um relacionamento que durou 17 anos.

O casamento com Marcus Buaiz teve muita repercussão na mídia em 2007, após dois anos de namoro. Festona daquelas, a cerimônia tinha 48 padrinhos — 12 casais de cada lado. Depois de alguns anos, eles tiveram José Marcus, 10, e João Francisco, 7.

Curiosamente, poucos dos casais famosos que os apadrinharam à época continuam juntos hoje. Não são fotos lindas e românticas que asseguram que os romances serão eternos, sabemos.

A cobrança do Dia das Mães

Wanessa e Buaiz divulgaram a separação em uma semana da pesada para quem foge ao estereótipo clássico da família de anúncio publicitário. Dia das Mães chegando, há uma pressão exacerbada de postagens que evidenciem a sorte de ter uma mãe, ou de ser mãe, ou de dizer o quanto sua esposa é uma boa mãe. A autocobrança por ostentar uma família perfeita é cruel — e muitas vezes intangível. E mesmo que pareçam perfeitos na foto... vai saber.

Quando a gente fala publicamente sobre a sorte que é ter uma mãe pertinho da gente acaba atingindo quem não tem. Desde que as redes sociais passaram a estimular esse hábito, tudo ficou ainda mais dolorido. Mas quantas daquelas mães e filhos que sorriem nas fotos têm relacionamentos legais de verdade?

Ainda há uma dor latente das mulheres que queriam ser mães, mas por alguma razão não puderam. Sempre penso nessa fase cruel para a mulher de 40 anos que vive com um relógio na cabeça e a sensação de que o tempo acabou. Lamentável que seja assim. Famílias felizes de comercial de margarina acentuam uma sensação de fracasso que não é justa. E tanta alegria no post, sabemos, dificilmente corresponde à vida real.

Sempre parece frustrante ver um amor acabar — ainda mais depois de uma vida toda juntos como Wanessa e Buaiz. O colunista Lucas Pasin afirma que ela está blindada de qualquer tipo de notícia ou texto como esse nessa fase complicada de ajustar os pontos familiares e se reencontrar com seu centro. Ainda bem. Desejo uma semana livre desse tipo de pressão virtual para muito mais gente.

O divórcio é dolorido, a orfandade triste, a busca pela gravidez injusta. Mas há de ter uma luz que mostre as possibilidades que aparecem quando a vida não oferece bem o que a gente esperava. Que esse Dia das Mães seja possível para todo mundo.

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