Dor de Carol Nakamura expressa o medo de toda mãe, que tenha adotado ou não

Carol Nakamura falou sobre L., a criança que estava em processo de adoção desde 2019. O menino, agora com 12 anos, quis voltar para a casa da mãe biológica após três anos morando com a apresentadora e seu marido, Guilherme Leonel. Emocionada, ela afirma que recebe muitas perguntas dos seguidores sobre o paradeiro de L. e resolveu se pronunciar para não ter mais que falar do assunto. Gui também comentou o tema em seu Instagram. Ter que se despedir de quem você considera filho, qualquer que seja o motivo, é o pavor de pais e mães.

O nome verdadeiro da criança não foi usado para preservá-la.

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A história, segundo os relatos, é que L. tinha livre arbítrio sobre onde queria ficar, já que Carol tinha apenas a guarda provisória e não definitiva. Quando a cobrança aumentava de um lado, ela conta em seu desabafo, ele ia para a casa da mãe biológica. Quando era lá que ficava mais difícil, segundo Carol, ele voltava para sua casa. Não sabemos o lado do menino e é provável que não saibamos.

Nos stories, ela usa palavras como "safado" em um tom que pais e mães usam com frequência quando não estão sendo obedecidos pelos menores em casa. Esse é um dos motivos pelos quais ela vem sendo criticada na internet — entre vários outros, como a exposição da criança e a adoção ser tratada como consumada quando não era.

E nos lares de filhos biológicos?

Pais biológicos separados que têm guardas compartilhadas também enfrentam realidade semelhante e é comum até que a casa da avó seja rota de fuga quando a coisa aperta.

Não é muito difícil entender: quantas vezes na adolescência, você teria fugido de casa se soubesse ter outra à sua espera, sem as broncas que tomava na sua?

O que acontece quando um jovem "troca" de casa no meio do estresse e da cobrança em um de seus lares é que ele perde a capacidade de lidar com o desafio e fica mais difícil enfrentar as obrigações e cumprir tarefas. Complicou? "Vou lá para minha outra casa, onde serei acolhido e festejado, afinal, estão todos com saudade de mim". Fugir do que é difícil pode se prolongar por anos, mesmo que as famílias separadas tenham estruturas semelhantes para a criação do menor.

Mais regras, menos controle

Gui afirma que deve ter sido difícil para L. encarar uma realidade de regras, compromissos, horários e organizações, palavras que ele não conheceu até os 9 anos. A criação de um filho é desafiadora em muitos aspectos, mas o de mostrar uma realidade oposta àquela em que se vivia até então parece ser ainda mais complexo. E a carga que carregamos ao pensar "será que eu pesei a mão?" Por estar acostumada a expor sua vida, Carol chora ao lembrar dos cadernos que comprou para ele nesse ano letivo, do uniforme que estava arrumado para que ele usasse. A exposição, em um momento de desabafo, a torna mais vulnerável. Definitivamente não é um caderno colorido que vai convencer uma criança a morar onde não quer, ainda mais se isso ainda não estiver acertado sob o ponto de vista legal.

É importante repetir que em nenhum momento desses três anos ela teve a guarda definitiva de L. Mas mesmo assim, deve ser difícil entender que, apesar de tanto amor, de tanto cuidado, de tanto carinho e condições que deram, ele preferiu voltar para o lar em que não tinha tantos privilégios. Imagina o buraco que fica nessa casa ao ver um filho partir depois de tê-lo criado dos nove aos 12 anos? O fato de haver mais dinheiro em uma casa ou na outra é irrelevante para uma criança que só quer ter um pouco de sossego. A gente não pode deixar as nossas expectativas adultas de futuro tomarem a maneira como se olha essa história. L. é uma criança que nem deveria estar exposta.

Mas as perguntas que deixam todo mundo sem resposta são uns dos grandes desafios da criação que se divide em lares diferentes. É improvável que a gente consiga ter métodos de educação absolutamente idênticos nas duas casas. É mais difícil ainda para quem está se esforçando para dar seu melhor entender que talvez o melhor esteja em outro lugar.

No caso das guardas compartilhadas entre duas pessoas que já foram casadas, é primordial que tenha sobrado um tanto de respeito para entender como sublimar a saudade e o medo de perder o filho em nome da educação. Pressionar, cobrar, exigir são verbos importantes quando a gente está olhando o adulto que aquele jovem vai se tornar lá na frente. Às vezes uma briga vai acontecer porque alguém não quer escovar o dente. Correr para a casa do pai, de dentes sujos, pode ser tentador. Receber a ligação da criança implorando o "resgate" pode ser ainda mais difícil de recusar. Porém, por mais que os pais busquem afeto imediato, é do interesse de todos que a criança cresça preparada para a vida adulta. E escovar os dentes é importante. Ou não é?

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