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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Zaquieu exagerou ao ficar ofendido? Zé Leôncio dá aula de respeito ao outro

Pantanal: Josê Leôncio dá bronca nos peões por rirem de Zaqueu - Reprodução/TV Globo
Pantanal: Josê Leôncio dá bronca nos peões por rirem de Zaqueu Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

06/07/2022 04h00

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Basta ter um coração para se sentir de coração partido com a cena em que Zaquieu (Silvero Pereira) decide ir embora da fazenda de Zé Leôncio (Marcos Palmeira). É triste ver que há guetos onde o costume de ofender quem é diferente ainda é naturalizado. Infelizmente, há ainda quem ache que o mordomo estava exagerando nos trejeitos — como se a maneira de uma pessoa se portar fosse passível de qualquer julgamento.

Enquanto Tadeu (Zé Loreto) e seus amigos acham normal cercá-lo para dizer impropérios, há uma esperança entre os homens xucros do Pantanal. Zé Leôncio parou um momento para rever seu comportamento. A primeira reação do fazendeiro foi reclamar que o rapaz estava exagerando na reação. É comum em casos de pessoas que tentam se impor diante de comentários homofóbicos. Quem ofende costuma dizer que a culpa é da vítima por se ofender assim. Mas depois, ele mudou de ideia.

Zé Leôncio fez algo louvável. Se a primeira reação foi desdenhar da vítima, a segunda foi parar um pouco, pensar um pouco e mudar de opinião. Sim, os brutos peões também podem reconhecer o erro. Os tiozões do almoço de domingo que insistem na ladainha que o mundo agora anda chato também podem simplesmente aceitar. Não é legal fazer "brincadeiras" que não passam de homofobia. Todo mundo pode perceber que os tempos mudaram e aceitar que há comentários que não cabem mais hoje em dia.

A regra é simples demais: ofendeu alguém? Então está errado.

O protagonista da novela percebe seu erro e vai brigar com quem errou também em um discurso daqueles que dá gosto, porque realmente tem poder de transformar a sociedade em um lugar melhor, onde as diferenças são aceitas. O filho Tadeu duvida que o pai possa puni-lo caso repita o comportamento inadequado novamente. Ele garante que puniria especialmente para dar o exemplo. Que bom, tem pai homofóbico validando o comportamento criminoso dos filhos por aí. No fim, quem acaba parecendo chato é quem não admite as mudanças.

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