Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como Gisele, o que busca todo mundo que está se separando aos 40 anos?
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Parece uma epidemia do divórcio. Cada vez que uma amiga me liga para contar algo importante, eu espero calmamente vir a bomba: "Eu e fulano estamos nos divorciando".
Seria assim a mensagem que eu teria recebido há alguns meses se eu e Gisele Bündchen tivéssemos firmado a amizade que se desenhou nos anos 2000, quando eu a vi em uma entrevista coletiva e ela fez sinal de paz e amor para mim. Mas nossa relação infelizmente não passou disso — seria legal ser amiga de uma uber model.
Divórcio é triste. Podem dizer que, aos 42 anos, Gisele tem bilhões de dólares, ou que Tom Brady, seu agora ex-marido, também tem isso ou mais nos cofres. É triste, ué. Se o patrimônio é gigantesco, como os dele, ou se corresponde a um apto de 3 quartos com 69m² e uma vaga na garagem também.
E quando há filhos? A treta prossegue por meses indefinidos, como se o amor se medisse em "no meu fim de semana com as crianças" ou "quando você vier pegar seus filhos". A garotada no meio do vai e vem tentando entender para quem pode pedir mais um pacotinho de figurinha da Copa — eu estou falando que o cenário é melancólico?
E até quando não há filhos nem bens na jogada, assumir o fim de um romance no qual se acreditou é sempre acompanhado de uma dose de chateação. Onde está o amor que estava aqui? Como a gente pode ter saído daquela lua de mel divertida em Jericoacoara para virar esses mortos que jantam no Outback num dia de semana só porque o chopp é double no happy hour?
Podemos até tentar afogar o desinteresse um no outro em manteiga (no caso do Outback, muita manteiga), em viagens, em casos extraconjugais? no fim, quem acorda todo dia ao seu lado é o mesmo desconhecido de ontem. E quando chega nesse ponto, não tem muita razão em se adiar o inadiável: amor acaba. E sobra a essência do que a gente sempre foi.
Dizem que Gisele passou algum tempo após o divórcio em um curandeiro espiritual em Miami. É hora de cuidar de si mesmo. Um processo delicado e dolorido de encontrar o que de fato somos dentro do que a gente acha que era quando vivia em um casal.
Outro dia, conversando com amigas, falamos daquilo que idealizamos. Nós, mulheres de 30 e poucos ou 40 anos, sabemos que não existe aquela família de comercial de margarina em uma sala envidraçada, com filhos penteados, um marido de dentes brancos e um cachorro simpático latindo no tapete.
Nem no apartamento de 69m² na região metropolitana de São Paulo, nem na mansão de Gisele e Brady — não tem perfeição em lugar nenhum. Mas mesmo assim, em alguma parte muito íntima, idealizamos que exista esse cenário perfeito, e esse desejo se quebra no divórcio com uma incômoda sensação de fracasso. Brigas intermináveis e perrengues financeiros podem ser diferentes em cada casal, mas aquele gosto de derrota é comum a todos.
Que saibamos fazer dessa "falha" nos planos uma revanche particular: quando a gente depende só de si, fica mais fácil tentar ser feliz todos os dias. E essa deve ser a busca, seja você a Gisele Bundchen ou uma mulher comum.
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