Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
1 ano do acidente de Marília Mendonça e a morte precoce continua doendo
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Era uma sexta-feira menos fria que essa última, porque 2021 nos era um pouco mais cordial acerca da lógica das estações do ano. Um avião havia caído, o pessoal do trabalho veio me perguntar: Marília Mendonça está viva? Eu garanti para todo mundo que sim. A assessoria da cantora tinha confirmado que ela estava bem. Não tinha porque ser diferente. Uma estrela como Marília Mendonça não poderia morrer, ué. Quem achava o contrário só poderia estar errado.
Era eu quem estava errada. Fui caminhando até a escola do meu filho para buscá-lo naquele fim de tarde em que recebi uma mensagem da minha editora de Splash, Andressa Zanandrea. É normal que as redações recebam confirmações de morte antes das oficiais. Nesse caso, os jornalistas começam a se preparar para dar notícias, até que a família seja informada ou haja confirmação oficial. São momentos em que a gente fica muito tenso, torcendo para a notícia estar errada, para ter que jogar o material que começa a ser produzido no lixo. Comecei a escrever o texto sentada na mureta da escola, vendo o sol cair e pensando que não era possível.
A pandemia dava uma sossegada naquele novembro, os jovens tomavam vacina e a gente finalmente se enchia de esperança de que dias melhores, ou pelo menos iguais aos anteriores, viriam. Mas seriam dias sem Marília.
Escrevo esse texto de frente para o por do sol, um ano depois. No fim de semana em que faz um ano da morte da Marília Mendonça, as notícias dizem que vem aí uma nova onda de Covid - qual delas, perdi a conta. Nada mais nos põe tanto medo, já que sabemos lidar com a doença, estamos vacinados e de certa forma seguros.
Acabamos de sair de uma acalorada eleição presencial. Estranhamente, tem gente por aí contestando resultados democráticos — o que será que Marília diria sobre isso? Tem mais fake news por aqui que no ano passado. Mas não dá para dizer que a coisa está pior do que antes. O nosso luto por 700 mil pessoas deixou de ser aquele desespero da morte recente e passou a ser uma tristeza resignada. Como a que sentimos por Marília — quanta coisa essa mulher teria feito em um ano?
O fã, o colega de palco, o jornalista, todos se olham cabisbaixos para dizer: que pena que tenha sido assim como foi. Como no 11 de setembro, como na manhã em que Ayrton Senna sofreu aquele acidente na Itália... o dia em que faz anos da morte precoce é sempre um dia de pensar em tudo que passou desde que aquela pessoa se foi. Em tudo que ela poderia ter feito. Em tudo que a gente, que ficou, que sobreviveu, está fazendo para honrar o fato de estar vivo.
Nesse sábado (5), fez um ano que Marília Mendonça morreu. Onde você estava no ano passado? E onde chegou agora? É um jeito de se pensar para que a dor não doa em vão.
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