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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fabio Porchat: melhor maturidade do divórcio do que ter filhos sem querer

Colunista do UOL

16/01/2023 04h00

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Ter filhos ou não é uma discussão que pode levar embora a harmonia dos casais. É preciso ter muita certeza para decidir tomar uma decisão para o resto da vida. Foi o que pegou para Fabio Porchat e Nataly Mega: ambos anunciaram a separação no sábado (14), após oito anos juntos.

Fabio nunca quis ter filhos e já falou sobre isso várias vezes. Aos 39 anos, tem ao seu lado o trunfo de poder mudar de ideia nos próximos anos. Vantagens do sexo masculino. Nataly tem 35 e já demonstrava a vontade de ser mãe desde o começo do relacionamento, segundo Fabio em entrevistas antigas. Porém, por mais que seja sabido que uma mulher pode engravidar após os 40 anos, aos 30 e poucos começa uma certa pressão — interna e externa — que se assemelha muito com um "agora ou nunca".

Parece aquela cena da Rachel (Jennifer Aniston), de Friends, no episódio em que todos fazem 30 anos. A personagem percebe que, para engravidar, teria que estar com o pai do filho já naquele momento. E, para isso, teria que terminar com o namorado naquele momento, para dar tempo de conhecer outra pessoa legal com quem achasse viável ter filhos.

Fabio disse ao Globo, na pandemia, que temia que filhos pudessem atrapalhar a harmonia do casamento. A essência de um casal muda quando dois viram três. Dá para contornar e ser feliz, claro que dá. Ou a humanidade teria acabado há tempos. Mas, se um dos dois tem muita vontade de ter filho e o outro não tem nenhum interesse, fica difícil fechar a equação mesmo.

Ter ou não ter

Deixar de lado um sonho do tamanho da maternidade ou paternidade para seguir um casamento é uma decisão apaixonada e corajosa. Se o casamento acabar quando ambos tiverem 50 anos, vai sempre ficar aquela sensação frustrada de "será que eu fiz a coisa certa?".

Ter um filho para agradar o outro, então, é das insanidades que se comete por amor — ou por comodismo. O bebê traz uma revolução em tudo o que você conhecia por vida. E até quem tem convicção do desejo de criar crianças desde a adolescência passa por momentos em que questiona o que foi fazer com a própria rotina.

Criar um filho é uma sociedade indissolúvel. No filme "Ingresso para o paraíso", George Clooney e Julia Roberts vivem um ex-casal que se odeia, mas ainda se encontra com uma frequência mínima pois têm juntos uma filha. Não adianta fingir que nunca conheceu o ex.

Olhar para o lado e não admirar seu sócio vitalício no empreendimento que toma 24 horas por dia de sete dias na sua semana é frustrante demais.

E tem gente que é legal demais, que brinca de um jeito incrível com os sobrinhos, mas na hora do "toma que o filho é teu" não desempenha tão bem a exaustiva função. Sobra para o outro sócio. Sobra briga também. É muito decepcionante para todo mundo.

Fabio e Nataly tomaram o terceiro caminho: se separaram antes de um ficar frustrado por ceder e ter um filho ou de outra ficar frustrada por ceder e não ter um filho. O caminho frustra ambos agora — como é difícil terminar um amor quando o amor ainda está em curso! Mas parece ser uma saída acertada para que o respeito prevaleça no futuro. Não é porque uma história a dois acabou que ela não foi um sucesso, né?

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