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Em 2023, Brasil não passou pano para playboy tóxico no BBB: novos tempos?
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Um clássico da história dos realities é o playboy de comportamento duvidoso ir se dando bem até o final do programa. Não precisa ir muito longe não: havia uma multidão outro dia mesmo, em 2022, defendendo Arthur Aguiar, que acabou levando mesmo o prêmio. Porém, a eliminação de Gabriel na terça (31) traz à tona uma mudança de comportamento. Não é que mais gente se articulou para tirar o homem que foi abusivo com Bruna Griphao e fez comentários racistas dentro do programa?
Mais da metade das pessoas que votaram (53%) escolheu tirá-lo da casa. O discurso de Tadeu Schimidt é assertivo de uma maneira que nem sempre se vê por aí, ainda mais escrito por um homem, acerca de relacionamentos tóxicos. "Quem erra merece uma segunda chance... Ou quem erra está condenado para sempre? Se a vida está seguindo numa direção que a gente não deseja... é para se agarrar nesse alerta e aproveitar essa chance da melhor maneira possível. Mas, quanto tempo leva para se poder dizer que alguém aproveitou a segunda chance? Será que nove dias são suficientes? Pelo menos pra mostrar que está em um bom caminho. Não há uma resposta unânime", ele disse.
Não houve mesmo unanimidade — basta se lembrar das eliminações recordistas do BBB 21 — Karol Conká, Nego Di, Lumena, Projota tiveram uma torcida contra gigantesca após se portarem mal perante o público. Na tarde de terça, o Brasil se dividia entre o coro de "segunda chance" e o de "quem não mudou até agora não muda mais". Ponto válido, já que não adianta chamar um rapaz de 24 anos de menino a vida toda. Já dá para responder pelas suas atitudes como gente grande.
A Fazenda, reality da Record, dá um show de perdão ao "pobre moço malvado". O exemplo clássico é Dado Dolabella na Fazenda — mesmo após ter agredido publicamente a namorada Luana Piovani, foi campeão na primeira edição do programa. Biel também tinha na ficha agressões à ex quando ficou com o vice-campeonato do programa em 2020. Uma rehab do namorado tóxico, sob o mantra de "o que fez lá fora fica lá fora". Hm, estranho.
Arthur levou o BBB 22 nessa toada. A coisa mais relevante que fez dentro da casa foi pegar uma vassoura e ensinar a patricinha Jade Picon a varrer um ambiente. No resto do tempo, chorou, reclamou e fez papel de vítima. Uma legião o defendeu até que ele levasse seu milhão. Fora da casa, seu histórico era de sucessivas traições à mulher, agora ex, Maira Cardi. Inclusive no puerpério. A ascensão de Arthur no reality parecia estar ligada a uma expectativa de que ele chifrasse a esposa em rede nacional todos os dias.
Como teve o comportamento padrão de um homem casado monogâmico por 90 dias na TV, levou o prêmio por bom comportamento — merecia?
Aqui fora, o sucesso não se sustentou: um divórcio e poucos contratos, seguidos do ostracismo. O Brasil mudou? Jade é estrela de novela hoje.
A história me lembrou o simpático Arthur Picoli no BBB21, que foi colocado na berlinda pela maneira como tratava Carla Diaz. Mostrou outros atributos, fazendo as pazes com desafetos e retornou à casa em seis dos paredões que enfrentou, o recorde da edição. Nunca mais apareceu publicamente em polêmicas. Parece que entendeu.
Gabriel sai num dos primeiros paredões da casa. Sem chance, como diz Tadeu, de mostrar se realmente mudou. Mas com a possibilidade de provar que entendeu o que é errado a todas as próximas namoradas — e a julgar pela empolgação da torcida pró, serão muitas.
Todo mundo pode errar, me disse uma seguidora inflamada no Instagram. É verdade. Em geral, as pessoas merecem uma segunda chance. Menos as mulheres, os gays, as pessoas trans, as pessoas gordas, as pessoas pretas. O resto, todo mundo pode errar e terá quem o defenda. Pena que esse todo mundo que restou é bem parecido fisicamente com Gabriel. Já estava na hora desse jogo virar.
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