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Respeitosos com fãs até o final, músicos do Skank poderiam dar aula a Drake
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O Pequeno Príncipe ensinou a todo mundo logo na primeira infância que nos tornaríamos responsáveis por aqueles que cativamos. Se a máxima nem sempre funciona quando se trata de um relacionamento amoroso, pode ser ainda mais confusa quando se trata da relação entre celebridades e fãs. Quando a pessoa é muito famosa e tem milhões de pessoas que a idolatram, ela é responsável por essa gente toda?
Sim e não. Claro que uma banda de rock não pode pegar mão de cada fã e dizer: " Amigo, não tatue sua cara com um desenho do meu rosto" ou "Não passe 12 horas parado na frente de um hotel esperando um aceno meu na janela". Cada um faz o que quer com seu fanatismo. Mas dá para dizer que o ídolo tem obrigação de honrar os compromissos profissionais, por exemplo. Não só porque trabalhar é assim (a vida adulta tem cada cilada), como também porque quem compra ingressos para lhe ver cantar ou se apresentar da forma que for merece respeito.
Esse papo começa à luz do sumiço de Drake no Lollapalooza. Ou à falta de luz, já que rolou também um apagão de desculpas. Imagina só, comprar um ingresso para um festival caro, talvez viajar até São Paulo, e mesmo que seja um paulistano, viajar até o autódromo de Interlagos e, ao chegar lá, nada do ídolo? E não tem doença, não tem acidente, não tem familiar precisando — a desculpa era qualquer coisa sobre a equipe não estar no Brasil. A verdade? Sei lá, ele preferiu ficar se olhando no espelho em Miami mesmo. Pode ser que tenha dito que brasileiro canta errado. Vai saber. Faltou no trabalho porque estava de ressaca — até tenho amigos que já fizeram isso. O que rolou de verdade a gente nunca vai saber.
Um lugar diferente depois da saideira de Skank
Na mesma noite, a centenas de quilômetros do autódromo de Interlagos, Skank fazia sua última apresentação da carreira em Belo Horizonte. A banda dos anos 90, provavelmente um pouco cansada de tocar junto — todo casamento de décadas tem suas baixas — argumenta que não queria virar cover de si mesmo. Compreensível. Imagina ser obrigado a tocar Jackie Tequila cada vez que sobe no palco por 30 anos?
Os planos de "stand by" do Skank começaram antes da pandemia. Aí, com o isolamento, foi sendo adiado. Mais participações na TV, mais shows extra pelo Brasil. O fã se aproveitou do fato. A banda de Samuel Rosa não economizou hits, lotou casas, voltou para o bis. É assim que faz?
Não precisa nascer no Brasil para respeitar o fã brasileiro. Eddie Vedder veio algumas vezes com seu Pearl Jam para o lado de baixo do Equador e subiu ao palco munido de sua garrafa de vinho e umas páginas de caderno escritas em português. Ele queria se comunicar com o fã de maneira que a gente entendesse. Fofo. Chris Martin anda por aí de um lado para o outro desde o começo do mês e parece brasileiro — até banda de faculdade ele convidou para tocar com ele. Drake, por sua vez, desistiu de um show, deixou gente literalmente chorando e nem satisfação achou importante dar. Pequeno Príncipe e a raposa ficariam estarrecidos.
Ao Skank, eu diria que não há despedida à altura da eternidade do artista. Suas músicas são trilha de nossas vidas há tanto tempo que seguem ecoando após a despedida. Não existe o brasileiro que não gosta de Skank — e isso a banda mineira retribui com a elegância do respeito. Palmas para eles mesmo depois de fecharem as cortinas. Respeito é recíproco.
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