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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Divórcio de Porchat e Nataly e a injustiça do relógio biológico da mulher

Colunista do UOL

30/03/2023 16h01

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Fofoca de famoso dá clique, divórcio de celebridade dá muita audiência. São os dois fatores principais que fazem todo mundo se interessar muito pelas notícias que envolvem a separação de Fabio Porchat e Nataly, no início de 2023. Mas há algo na entrelinha do término desse relacionamento, que provoca ainda mais interesse, especialmente feminino.

Dizem que nosso corpo foi feito para engravidar até os 35 anos. Quem disse? Uns médicos por aí. Muitas mulheres provam o contrário, com gestações aos 40 e até 50 anos. Mas mesmo assim, por volta dos 30 e tantos, rola aquele chamado do útero de quem quer ser mãe. E ele vem acompanhado de um incômodo que às vezes beira o desespero.

A situação me lembra uma cena clássica da TV: a Rachel de Jeniffer Aniston, em Friends, faz 30 anos em um dos episódios. Enquanto sopra as velinhas, se põe a fazer contas. Para ter filho até os 35, precisaria ficar dois anos casada. Como queria namorar por pelo menos três anos, ela conclui, teria de estar com o pai de seus filhos naquele momento — e então ela olha para o lado e o namorado está andando de patinete, como uma criança. A personagem precisa agir se quiser ter filhos em cinco anos e termina o relacionamento. Ali, dá certo. Rachel termina a 10ª temporada da série com um bebê nos braços, embora não tenha seguido nenhuma linha de seu plano.

Mulheres casadas com homens que não querem ter filho vivem o mesmo dilema. O relacionamento está ótimo agora, há amor de sobra, mas e se o tempo passar demais? Vai dar tempo de achar outra pessoa, se apaixonar, querer ter um filho com ela e ela querer ter um filho com você?

A mesma situação das mulheres solteiras que, aos 30 e tantos anos, pensam em seguir com produções independentes ou partem para o complexo e caro congelamento de óvulos. Há também aquelas que entram em longas e complexas tentativas de fertilização. Muitas vezes a ciência funciona, mas tem sempre uma pressão desleal.

É natural a mágoa de Nataly com a promessa do ex de que teria, sim, um filho. "Mudar de ideia", nesse caso, altera completamente os planos de futuro da parceira. Mina o casamento, seca a confiança. Ela não pode perder tempo.

Fábio, sim, pode mudar de ideia quantas vezes quiser. Ser do sexo masculino permite que ele repense a situação hoje, amanhã, ou daqui a 10 anos.

Para mulheres, o milagre de gerar uma criança, parir e amamentar tem um preço alto. Por todas aquelas que sentem a dor desse impasse, meu abraço empático. Eu sinto muito, de verdade. Para tantas Natalys, meu desejo de que tudo aconteça do melhor jeito possível e dê tudo certo no final, como aconteceu para Rachel na ficção. Fica aqui minha torcida.

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