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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gugu: querer ver o circo pegar fogo é triste como brigar por dinheiro

O legado de Gugu Liberato e a discussão pública sobre a vida privada - Reprodução
O legado de Gugu Liberato e a discussão pública sobre a vida privada Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

07/06/2023 04h00

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Gugu tinha um suposto namorado que é um homem. Ele não queria falar sobre isso publicamente. Trabalhou na TV durante a vida toda sem mencionar o fato. Não seria obrigado — é de direito, seja qual for a orientação sexual da pessoa, manter isso em segredo, se assim preferir. Ele faz o que quer de sua vida e fala sobre isso se quiser.

Gugu também tinha três filhos com uma mulher. Essa vida em família era pública — as crianças já foram até capa de revista de celebridade.

Gugu era famoso e deixou uma herança — não para o namorado, nem para a mãe dos filhos, mas para os três adolescentes (25% para cada) e para seus sobrinhos (os outros 25% somados). Seria privado, se não tivesse havido uma briga por dinheiro a partir de sua morte.

Parece que ninguém ficou muito satisfeito nessa conta: as meninas ficaram ao lado da mãe, que briga por sua metade; o filho pensou em si e quer manter um quarto da fortuna em seu bolso. E o suposto namorado tentou levar uma parte também, mas perdeu na Justiça. Agora, dá entrevistas falando sobre como era a vida a dois, menciona vídeos sobre sexo. A trama tomou um rumo que invade ainda mais a intimidade de Gugu.

Todos estão falando sobre o assunto. Todos querem saber detalhes. A quem isso importa?

O dinheiro revela pessoas, rompe famílias, mostra a face de um desamor que o apresentador de TV que era tão querido no país todo não merecia.

Quem quer ver o circo pegar fogo também não fica longe disso.

Gugu morto, exposto, uma família brigando judicialmente... o filho que rompe com a mãe porque não quer ser milionário. Ele quer, na verdade, ser milionário e mais um pouco. Triste.

Quando todo mundo coloca a cabeça no travesseiro, deve vir um vazio. Do pai, que se foi. Da família, que se foi. Do respeito, que há muito se foi. E ainda aquele vazio que a gente sente quando se dá conta de todas as coisas que o dinheiro não pode comprar.

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