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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Larissa Manoela vive drama de Britney Spears ao romper com pais

Larissa, no lançamento da Barbie: relação com pais estremecida - Instagram/Reprodução
Larissa, no lançamento da Barbie: relação com pais estremecida Imagem: Instagram/Reprodução

Colunista do UOL

27/07/2023 04h00

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A gente diz que pais erram tentando acertar, mas é complicado imaginar que alguém vendeu uma casa do filho e sumiu com o dinheiro tentando acertar alguma coisa...

Essa parece ser o motivo que afastou Larissa Manoela — atriz desde a infância e detentora de uma fortuna — de seus pais. Nem é o dinheiro o principal motivo, segundo apurou o colunista Lucas Pasin. A questão é que Larissa se sentia em uma prisão, com escolhas de namorados vetadas e até a obrigação de se afastar de alguns amigos caso eles não aprovassem.

A história lembra a de Britney Spears: tutelada pelo pai, James Spears, desde que saiu da Rehab, há mais de 10 anos, ela perdeu o direito de controlar seu dinheiro e de ver seus filhos. A isso, somavam-se abusos variados — chamar a filha de vadia e obrigá-la a emagrecer estavam entre as acusações. Britney realmente precisava de ajuda psicológica, mas a presença ostensiva da família só piorou o quadro.

Na série Daisy Jones and the Six, da Prime, inspirada no livro homônimo, a personagem central aparece como vítima dos pais desde a infância. O resultado de insultos e desprezo é uma solidão enorme — mesmo quando ela se livra do núcleo familiar e vai viver com uma amiga, se sente só. Se relaciona com pessoas abusivas, vê gente tentar se aproveitar de seu talento. E para fugir de sentimentos como esse, se afunda nas drogas. O artifício, entretanto, tem data de validade: viciada e vítima de overdose, ela entende que nem as drogas podem afastá-la do que ela carrega dentro de si.

Se afastar da mãe, para a personagem de ficção Daisy Jones, não resolve o problema. O vazio a acompanha com uma profunda esperança de redenção da mulher que a gerou. Complicado. Nossas relações muito mais profundas do que conseguimos observar num álbum de fotografias onde todos sorriem.

Daí, a importância da terapia para reconhecer que pode até ser tentando acertar, mas mães erram, sim. E, se tivermos a consciência disso, podemos contornar o erro e dar a volta pelo amor, se for válido. Ou fechar a porta atrás de si e sair atrás da reconstrução de nossos buracos.

Larissa parece consciente do que aconteceu consigo e, discreta, se recusa a expor a situação. Tudo que se sabe são suposições. Mas a torcida de todo mundo que acompanha a garota é para ter força. Pode ser que conversar sobre as mágoas ajude e restabeleça relações de maneira saudável.

Nem sempre funciona. O drama de reconhecer uma mãe narcisista é sinuoso. "Você tem dito por aí que é orfã?", questiona a mãe de Daisy Jones ao telefone. Romper com quem não morreu de verdade é difícil. Mas há casos em que essa é a única solução para sobreviver. Meio antibíblico admitir, mas nem todos os pais são capazes de amar o filho de verdade.

Meu conselho de quem perdeu o pai de verdade costuma ser apostar no diálogo com quem está vivo. Mas cada um sabe de si e do quanto custa tentar. Por mais que pareça contra os valores da família que tanto nos pregam, há momentos em que a única saída é a distância. Coragem grande, Caetano, pode ser dizer não.

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