Luciana Bugni

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Opinião

Criticar Yasmin e Paolla é sinal: estamos buscando padrão que não existe

Não sei o que seria de mim se eu tivesse o corpo da Yasmin Brunet, eu penso. Talvez prejudicasse um pouco minha rotina, pois ia passar o dia em frente ao espelho pensando que sou linda. Deus não dá asa à cobra.

Sei menos o que seria de mim se eu tivesse o corpo de Paolla Oliveira. Será que ela passa o dia revendo as próprias imagens, seja abrindo uma cortina só de calcinha preta em uma cena de novela ou sambando vestida de leopardo em uma avenida? Como é que é, Paolla, ser a mulher mais hipnotizante do Brasil? Eu vou perguntar na próxima vez em que entrevistá-la.

Mas o Brasil não pensa como eu e não pode ver mulheres assim que logo sai criticando. No BBB, Rodriguinho achou tão natural dizer que o corpo de Yasmin estava descuidado e flácido que esqueceu que disse! Apesar de viver em uma casa que tem câmeras dentro das paredes, cujas imagens passam ao vivo para todo país ele meteu o "nunca critiquei" e está sustentando a história.

Mas voltando à Yasmin. A moça, modelo, filha de modelo, deve ter passado a vida escutando que é maravilhosa, mas ficado muito preocupada em manter a aparência maravilhosa para continuar com o prestígio que esse visual lhe rendia. Essa pressão criou uma ideia em sua cabeça de que ser como era não bastava. Mesmo que ela tenha um corpo que está muito próximo do que a gente costuma chamar por aí de padrão.

A escolha da denominação é um pouco equivocada, na verdade. Bem pouca gente é assim: branca, magra, alta, loira. Olha que coisa maluca: o padrão é tão inalcançável que mesmo quem cumpre todos os requisitos não acredita que chegou lá. Em uma cena do reality, Yasmin está chateada, sendo consolada por Wanessa, que repete o óbvio: sua amiga é maravilhosa. A modelo rebate que não adianta ela dizer, pois a questão está dentro da sua cabeça. Que coisa injusta com a mulher!

Wanessa então organiza um desfile em que cada um dos confinados exibe seu corpo real. É legal. Do lado de cá da tela, quase todos os "problemas" mencionados parecem invisíveis. Um umbigo que salta — e daí? —, estrias que incomodam — onde? —, e mais detalhes que a gente não vê, mas devem saltar aos olhos de quem está em frente ao espelho. A gente já conversou sobre isso aqui: você se olha com gentileza quando vê a própria imagem? Posso falar por mim: é complicado aceitar essas rugas que não estavam aqui há cinco anos, entender o corpo mudado após o parto de meu filho há sete anos. Mas, afinal, o que eu quero de mim? Buscar o padrão aos 41 anos ou aceitar que a flacidez é um sinal gostoso de que eu vivi bem demais?

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E o que é o padrão? Yasmin não sabe. Wanessa não sabe. Rodriguinho parecia saber, mas garante que esqueceu. Paolla... ah, essa veste a máscara de onça e samba como quem tem certeza do óbvio: o corpo perfeito é aquele que te veste. Será que é isso que hipnotiza? O padrão não existe, gente. Se nada nunca está bom, então ser do jeito que é está perfeito. Toma essa.

Não dá para ter paciência com quem critica Paolla ou Yasmin, mas também não devia ter espaço para criticar nenhum outro corpo nessa vida. Essa doideira só faz com que mais gente entre na neura de uma busca que não tem sucesso nunca — e dá-lhe cirurgias perigosas, alimentação errada e desenvolvimento de distúrbios variados.

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O corpo padrão não existe, vou repetir para fixar a ideia. É difícil contornar décadas de críticas como as feitas por Rodriguinho e seus amigos e as que vemos diariamente na internet. Mas a melhor resposta é a de Paolla — sambando feliz da vida. Quem vai com ela? Eu vou.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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