Luciana Bugni

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Opinião

Rodriguinho no BBB: por que é tão difícil criticar conhecidos?

Rodriguinho foi eliminado do Big Brother por ser gordofóbico, fazer comentários machistas depreciativos a respeito do corpo de mulheres, arrumar briga com pessoas carismáticas e viver dizendo para quem quisesse ouvir que odiava estar na casa, frequentar aquelas festas, viver naquele lugar, com aquelas pessoas.

Foi, de longe, o mais criticado da edição 24 do BBB. Ao sair da casa — como tinha desejado, no dia de seu aniversário (cuidado com o que joga para o universo) — foi entrevistado por Thaís Fersoza. O público ficou decepcionado porque, diferentemente dos outros eliminados anônimos, Rodriguinho não foi confrontado.

A maior polêmica da edição, a alucinação coletiva de um grupo de homens ao criticar o corpo de Yasmin Brunet, foi passada como se não fosse grande coisa. "Eu sou gordo também", ele diz, na nova versão do "tenho até amigos que são" da discriminação.

Mas por que ninguém confrontou com veemência o candidato ao cancelamento famoso? Vou além: por que a tendência é passar pano para conhecidos com quem simpatizamos, seja qual for o erro que cometeram?

Soube recentemente das sacanagens tóxicas que um amigo fez com uma moça. Passada a primeira sensação de decepção (como é difícil entender que gostamos de pessoas que não são tão legais assim), veio um ímpeto de passar o pano, a gíria perfeita para quem se dispõe a dar uma esfregada na sujeira alheia para fingir que nunca esteve lá.

Como se confronta alguém querido? Como a gente joga na cara dele que está errado sem perder a amizade? Pior: como não se deixar arrebatar pelas desculpas que a pessoa dá, que geralmente são tudo que a gente quer acreditar?

Não se sabe as diretrizes que Thais recebeu da Globo para pegar leve com o eliminado. Transações comerciais não são nem podem ser claras para quem compra o produto — você, ao consumir o reality. Mas é sabido até pelos mais inocentes que a emissora tem a intenção de mostrar a verdade dos participantes só enquanto o lucro interessa. Os americanos chamam de business.

Criticar Thais nesse processo parece ingênuo. O lance é aproveitar o incômodo para repensar os panos que a gente passa em nome de amizades antigas ou outras relações. Dá para usar o rodo para simplesmente tirar gente de nossa vida quando a gente perde a esperança de transformar o mundo em um lugar melhor.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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