Luciana Bugni

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Opinião

Iza: sério que vão crucificar a mulher grávida que decidiu perdoar traição?

Imagina você grávida recebendo uma ligação de um colunista de fofocas que decidiu ser íntegro e te avisar que, bem, seu marido, pai da sua filha que nem nasceu, teve conversas de cunho sexual com uma garota. A moça achou uma boa ideia expor essas conversas e assim elas chegaram até você. Agora você precisa autorizar a divulgação dessas prints que vão expor ainda mais você, seu marido e sua filha que nem nasceu.

É assim que funcionou o showbizz em julho desse ano. Iza recebeu a ligação, se adiantou e expos ela mesma a questão — ela não tinha outra alternativa — em um vídeo dolorido. Muitas mulheres se solidarizaram à causa. Iza vive ali a dor de inúmeras mulheres que sofrem com a infidelidade masculina.

Na gravidez é ainda mais forte a empatia. Grávida, a gente não pensa em safadeza porque está meio ocupada ali fazendo os órgãos internos de um ser humano, evitando álcool e cigarro e sentindo dor na lombar. Parece mesmo injusto que o dono do espermatozoide responsável pela fecundação ache boa a ideia de sentir desejo por uma aleatória e verbalize isso em uma diálogo vulgar quando devia estar estudando o papel do homem no parto natural.

Mas ok, voltemos a você. Grávida ainda. O marido garante que não teve nada carnal com a pessoa no presente. Uma história antiga, da qual ela guarda vídeos que foram exibidos e despertaram nele o desejo de um revival. Está certo? Não está.

Ele admite o erro. E diz justamente o que todo mundo pensa: está errado e estragou o que mais importava para ele, a própria família. Se diz arrependido. Quer voltar. Pede perdão.

Dá para julgar quem decide perdoar o cara nesse contexto? Se Iza de fato voltou com ele, como disse Léo Dias, baseado no depoimento de um vendedor de shopping que afirmou ter visto Yuri em chamada de vídeo com Iza a chamando de amor, quem poderia dizer que isso é pecado?

E mais: quem faria diferente às vésperas do parto da primeira filha?

Bruno Gagliasso e Gioh Ewbank têm a história mais legal e midiática sobre perdoar traição. Estão aí, tocando em harmonia projetos profissionais, criação de filhos e papos divertidos sobre relacionamento, sexo e traição. Vai lá atrás dizer para Gioh que não pode mais ficar com Bruno porque ele errou. Eu, hein.

A indignação seletiva com o possível retorno (eu chamei meu ex-marido de amor por um ano depois do divórcio apenas por costume e depois aprendi que o vocativo para ex é o nome dele mesmo) parece mais uma batalha pessoal de quem bradou contra Yuri na internet. "Poxa, Iza, você vai voltar com ele depois de tudo que fizemos por você?", parecem estar dizendo as fãs comparando com Beyoncé e Jay-Z.

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J-Lo também voltou com Ben Affleck há dois anos. Casou. E separou. Ué, tentou. Está tudo bem.

Estou falando que homem pode fazer o que quer que vai voltar para casa? Muito pelo contrário. Estou falando que homem sempre fez o que quer. Mas quem decide se eles vão voltar para casa ou não são as mulheres. Que seja mais normal e menos humilhante falar de infidelidade. Vamos pesar o que é dor mesmo (e dói) e o que é o medo de ser exposta e julgada como corna. Devia ser possível dizer "fui traída, sim. Agora não sou mais" (ou acho que não sou mais, já que enquanto não vazarem as prints, não dá muito bem para saber). Todo mundo (ou quase todo mundo) esteve em um dos três lados de um triângulo amoroso.

Tomara que quem gosta dela deixe Iza em paz para recomeçar como bem entender. E, se der errado, a gente acolhe de novo.

Eu acolho.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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