Luciana Bugni

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Opinião

Fenômeno Eliezer: pressão estética não é mais 'privilégio' feminino

Desde sua participação no BBB, há quase três anos, o rosto de Eliezer é notícia. Preenchimentos, sensacionalismo e críticas pesadas à sua aparência fazem parte da rotina midiática do rapaz. As mulheres conhecem a rotina de críticas há tempos, mas, para homens, parece ser um fenômeno mais recente.

Ele monetizou a onda: colocava fotos de antes e depois em postagens feitas para gerar engajamento e chocava pela diferença entre as imagens. Afirma que não gostava mais de si em nenhuma das imagens. Sobrou botox, faltou autoestima.

Atualmente, em entrevista para o Globo, assumiu que desfez os procedimentos, retirou o ácido hialurônico que tinha no rosto e, surpresa, finalmente se sente bem. Se ver e se aceitar, o bom e velho autoconhecimento, mesmo que seja esteticamente, ainda funciona par melhoria do bem-estar. Quem diria.

A corrida dos caras contra os sinais da idade passa pela calvície, na popularização dos implantes capilares. Agora, parece ter pegado os pés de galinha, os queixos que fogem a uma suposta "diagramação" correta (angulosa e padronizada), a cara de homem maduro, que seja.

Engraçado, das rugas de Brad Pitt ninguém reclama, não.

Os filtros de realidade

O envelhecimento é tema do filme no momento, "A Substância". Ali, Demi Moore vive a mulher que busca, via procedimentos estéticos invasivos, se rejuvenescer. Cris Guterres fala sobre o assunto aqui.

A questão é constante ente atrizes de Hollywood ou do Brasil —mexer no rosto ou não mexer?

Sabe aquele choque que todo mundo teve com René Zellweger, quando ela surgiu com o rosto completamente modificado? Qual seria a reação se ela não houvesse feito nada disso? O mesmo vale para Meg Ryan: envelheceu errado ao tentar transformar o rosto na face de uma pessoa mais jovem ou seria julgada de qualquer maneira, simplesmente por envelhecer?

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Vou além: pense em quando foi a última vez em que você tirou uma foto e postou sem filtro. Ou quando olhou para si e aceitou a própria imagem, com rugas, com flacidez, com a perda do tônus.

Recentemente, tirei várias selfies com amigas que têm os mesmos 42 anos que eu, mas que já fizeram procedimentos estéticos. Resultado: não gosto de nenhuma das fotos porque eu, que nunca mexi no rosto, fiquei mais velha que elas.

E digo isso sem julgamento de valor, talvez eu faça os procedimentos em algum momento. Mas essa cobrança com minha aparência, quem inventou? Parece que fui eu mesma, motivada pela comparação mesmo. E isso vem de muito antes de envelhecer ou de minhas amigas entrarem na corrida estética contra isso. Está todo mundo certo, cada um decide o que fazer. Mas às vezes doem dores que não precisavam doer.

Parece que todo mundo envelhece. Parecer velho, logo, não deveria ser problema. Se eu vou prosperar na missão de envelhecer naturalmente, não sei. Eliezer precisou ir lá para o outro lado para voltar. Vai entender o nosso jeito de ser ver no espelho. Quer dizer, vou entender, sim. Falar sobre isso é o primeiro passo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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