Com Narcisa e Inês Brasil: eu queria saber rir do caos como Tata Werneck
A internet parou essa semana porque Tata Werneck está no palco de Lady Night com crise de riso.
Já aconteceu de tudo naquele programa que foi ao ar na terça-feira (22): Inês Brasil falou tanta baixaria que a apresentadora teve que subir a classificação etária para 1.500 anos —é uma piada, claro. Ela explicou para Narcisa como imitar uma borboleta e nem assim a danada entendeu. Ela deu uma bronquinha nas duas convidadas —Inês Brasil e Narcisa Tamborindeguy—, como uma professora do colegial que quer impor respeito mas simpatiza demais com os bagunceiros.
Eu me vejo em Tata encarando o caos. Aqui, na sala repleta de fita crepe e caixa de papelão porque resolvi criar uma criança sem telas em 2024. O efeito foi certeiro —não é que ele ficou criativo? Tem tinta na colcha nova que comprei para minha cama. Na porta do armário. Na impressora. Na cadeira gamer. O que Tata faria quando percebesse que tem tinta verde no rejunte do porcelanato branco? Eu queria fazer o que Tata fizesse. Na dúvida, não faço mais nada.
Meu filho imita um narrador esportivo aos berros. Chama o repórter de campo (o pai entra na brincadeira pois, curiosamente, é realmente um repórter de campo). Ambos interagem acerca de um jogo fictício enquanto o mais velho faz o jantar e o mais novo cola figurinhas. A fita crepe, ele me avisou chorando horas antes, acabou. Eu quase respondo com lágrimas, mas só arrisco um "acontece". Eu queria ter uma crise de riso, mas eu não sorrio desde sábado.
Acontece, o caos acontece. Tata tenta viabilizar o roteiro do próprio programa quando Narcisa e Inês descobrem que nasceram no mesmo dia. Elas são escorpianas. Eu também estou cercada de escorpianos. Uma delas vai fazer aniversário no Rio de Janeiro (preciso comprar presente), outro quer morar em Dublin (preciso ganhar mais), o outro está fazendo o jantar e me oferecendo um limoncello (preciso recusar). Eu tenho mais 19 entregas e já são quase 19h. Os escorpianos parecem estar em outra realidade. Imagino uma socialite e uma influenciadora na sala falando sobre quantas horas aguentam transar. "Sete horas", diz uma. "Sou fraca", lamenta a outra. Ninguém entende nada. Tata gargalha. Sete horas? Quem tem sete horas? Fico com um pouco de raiva porque se eu pudesse transar por sete horas talvez eu tivesse outros problemas menos ordinários (assaduras, por exemplo).
Lembro de uma cena há cerca de 20 anos, na porta da MTV. Eu dentro de um taxi, dando orientações para o motorista, e a porta se abre. É Tata. "Vai para onde? Vamos rachar esse taxi?", ela pergunta para mim, uma completa desconhecida. Eu digo que Pinheiros [bairro de São Paulo]. Ela lamenta porque precisa ir para a [avenida] Paulista. E vai procurar outro taxi. Tata se resolve. Uma vez a entrevistei sobre adoção de animais. Choramos falando dos gatinhos. Tata não só ri frente ao caos. Ela resolve mesmo. Os gatinhos agora tinham casa.
Lembro da pandemia, Tata assustada de máscara no enterro do melhor amigo, Paulo Gustavo. Ela perdeu um irmão para uma doença meses antes de estarmos todos vacinados. Eu também perdi alguns amigos nesses anos e nunca mais sorri igual. Tata, não. Voltou a rir e a fazer rir. Eu acho isso lindo.
Tata fala que às vezes se desentende com o marido. Mas a vida sexual não muda. Ela continua transando, ela conta para Bial. Não pode sete horas. Sete horas é muito tempo. A gente precisa elencar prioridades para dar tempo de ter crises de riso em frente ao caos.
Eu quero ser a Tata nesse fim de tarde.
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