Luciana Bugni

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Opinião

Quanto mais a família Senna tenta apagar Galisteu, mais ela aparece

Adriane Galisteu aparece por poucos minutos na série da Netflix sobre Ayrton Senna, que retrata a vida do piloto desde a infância até sua morte, em maio de 1994, em Imola, na Itália. Eles namoraram nos últimos 18 meses da vida do atleta, e a mídia na época ficou maluca com esse casal carismático.

Apesar do apelo popular de Adriane —que arrancava risadas de um tímido Ayrton na frente das câmeras e fora delas também—, a família dele nunca foi muito fã desse romance. O ápice foi no enterro do ídolo brasileiro, em São Paulo, quando Xuxa, a ex, foi recebida com ares de viúva, e Adriane, de origem humilde, não foi nem sequer cumprimentada.

A série da Netflix teve o verniz da família Senna, que decidiu o olhar que se teria sobre a história do piloto. Num recorte de 30 anos, o namoro do último ano e meio ganha 3 minutos de tela, em duas cenas. Gabriel Leone, que faz o protagonista, argumentou que a presença de Adriane é breve porque ficaria repetitivo mostrar mais do que foi mostrado.

Ayrton Senna voa com Adriane Galisteu em foto de fevereiro de 1994
Ayrton Senna voa com Adriane Galisteu em foto de fevereiro de 1994 Imagem: Gianni GIANSANTI/Gamma-Rapho via Getty Images

O público não engoliu e encheu as redes sociais de... Adriane Galisteu. A ponto de a própria se manifestar, agradecer o carinho e mandar a real: a história é de Senna, né, gente?

Mas o carisma dessa mulher ofusca até o do maior ídolo brasileiro do fim do século passado? Não exatamente. A série aliás, não mostra um herói clássico. Exagerado, metódico e imprudente às vezes, Senna se arrisca demais para conseguir o que quer. E só quer aquilo: o lugar mais alto do pódio. Levar o carro no braço. Abrir 40 segundos de vantagem do segundo colocado.

E mesmo com esses traços de quem faz o que precisar para alcançar os objetivos, o carisma do cara fazia o mundo inteiro se curvar. Tanto que eu desafio quem viveu os anos 1990 a ver a série sem ficar arrepiado com a bandeirinha do Brasil no carro branco e vermelho. Lewis Hamilton reproduz, eu arrepio. Gabriel Leone faz o mesmo, eu quase choro. E nem gosto de carros!

A combinação perfeita de Adriane e Ayrton melhorou os dois e mostrou a modelo ao mundo. O Brasil sentiu e adotou a apresentadora de TV como paixão nacional também. Pode a família Senna negar isso por 30 anos, ela continua firme como protagonista do fim dessa história. A internet brasileira, que nesta semana só fala dela, não me deixa mentir.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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