Por que solteirice de Selton Mello intriga alguns e deixa outros com inveja
O onipresente Selton Mello está falando sobre suas plantas em um corte de vídeo vertical no Instagram. Ele diz, com um sorrisão no rosto, que gosta de regá-las em silêncio. Aos 51 anos, o ator é o que se chama por aí de solteiro convicto.
O termo serve para explicar pessoas que não são casadas por opção, nem estão desesperadas dando match no aplicativo. Estão ali, às vezes sozinhas (mas nem sempre), sem o peso do rótulo de ter um par.
Sim, isso existe e tem sido mais frequente. Após diversas gerações terem sido educadas com foco no amor romântico, existe aí uma contestação sobre esse ritual tão tradicional.
Achar um par e viver felizes para sempre? Caiu em desuso. É compreensível. A maioria de nós viu o péssimo exemplo das relações colapsadas de nossos pais que duravam mais do que deveriam apenas pelo fato de não ser convencional a separação.
Depois, construímos nossas próprias relações tentando entender como cruzar as linhas do machismo de maneira que a vida a dois fosse respeitosa para todos. Nos divorciamos. Tentamos de novo. E, de repente... não é que cansamos?
(Veja bem, eu disse cansamos e não casamos, embora tenhamos casado muito para chegar nesse cansaço.)
Aí, o Felizes Para Sempre deixou de ser a dois. Deixou também de ser obrigatoriamente feliz —dá para ser triste às vezes, ué. E "para sempre" é um conceito que não existe mais há muito tempo. Passamos e atravessamos fases. Tudo muda. Os ciclos se fecham. E seguimos.
Ser solteiro está na moda. "Estão descobrindo agora o que eu já sabia antes", diz um sorridente Selton Mello no sofá do Saia Justa para quatro mulheres que riem nervosamente.
Ser solteiro, para ele, cai como uma luva. O silêncio da casa é uma delícia. "Não sei, pode ser que eu case, mas não é uma coisa que pense, não tenho de fato um sonho de ter uma família", diz, contando que teve fases de sair para a gandaia, mas agora, aos 51, anda meio cansado e adora ficar em casa.
As apresentadoras concordam. Bela Gil levanta a teoria dos casamentos simbióticos em que ambos se tornam um só como se essa fosse a única chave para ser feliz. É quase como tratar a individualidade do outro como um algoz das histórias de amor —quando é justamente isso, manter a individualidade, que fortalece as relações saudáveis.
Tem também uma pitadinha do egoísmo dos dias de hoje. É difícil ceder os próprios desejos em nome do outro. Ouço Selton Mello falar do silêncio em sua casa com certa inveja —eu também adoro silêncio, mas uns miados de gato cortam essa paz, uma bola quica na sala, a Alexa está contando piadas a pedido de um adulto, a máquina de lavar faz ruídos e tudo isso tem a trilha sonora de um uivo reclamão de criança dizendo "eu não quero estudar pianooooo". De onde tirei a ideia de constituir família, eu às vezes questiono.
Rita Batista lembra, na conversa com Selton, que se perdeu o medo da solidão. De fato, parece que trocamos por uma alegria da solitude. Um monte de amigos moram sozinhos e hoje quem tem inveja deles são os casados. E olha que a gente cresceu aprendendo que é errado não casar, hein? Errado, na verdade, é achar que existe um padrão de vida ideal que serve para todos.
Uma amiga, convicta como Selton, diz que sexo é superestimado. O prazer dela está em moer grãos de café e tomar uma xícara enquanto olha a vista da varanda. Outra amiga achou um lugar para contemplar vaga-lumes no interior de São Paulo.
Um amigo não troca o cineminha sozinho por companhia nenhuma. E tem gente que só gosta mesmo de ver meme da Fernanda Torres —quem pensa em andar de mão dada quando tem essa mulher sendo maravilhosa na internet?
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Quero receberO jogo virou, queridinhos. Chique mesmo é o silêncio na sala de Selton. A conchinha pode até existir (ninguém é de ferro), mas no dia seguinte, só vai ter uma escova de dente na caneca da pia para essa galera.
Não sou desse time, mas acho bonito ser livre. A idealização do amor eterno e romântico no "que Deus uniu e ninguém separa" atrapalha bastante as infinitas possibilidades de sermos nós mesmos.
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