Outras emissoras na Globo: foi Luciano Huck quem democratizou a TV aberta?
Não liguei a TV no domingo, mas pelo celular fiquei sabendo que Sonia Abrão chamou muita atenção na festa da firma da Globo, o prêmio Melhores do Ano, apresentado por Luciano Huck em seu semanal Domingão.
Vi também cenas impensáveis há décadas: Patrícia Abravanel jogando um aviãozinho de dinheiro e gritando, em pleno Projac, "o aviãozinho do Silvio!". No fundo do palco, telas imensas em LED estampavam o rosto de Silvio Santos, que por anos foi o maior concorrente da Globo naquele mesmo dia da semana. A coroação da cena é uma esforçada Ivete Sangalo que salta para conseguir seu avião. Quem quer dinheiro?
Nos anos 90, no auge da guerra pela audiência nos domingos, em que Faustão e Gugu competiam a qualquer custo pela liderança, era inimaginável citar o SBT no ar na Globo. O inverso até acontecia (e ainda acontece em diversos programas vespertinos dedicados a comentar as novelas, por exemplo). Mas o que mudou nas regras da emissora carioca? Luciano Huck foi realmente agente de uma revolução na TV aberta?
A resposta é obviamente não. Antes das redes sociais, era até possível silenciar a concorrência — bastava evitar a todo custo que alguém trocasse de canal. Vamos pensar que a audiência era formada antes de existir controle remoto: você precisava odiar muito alguma coisa para se dignar a levantar para tirar aquilo de sua tela. As audiências eram mais letárgicas, e fã de Globo via Globo mesmo, dos matinais até a última telenovela.
De repente, quando a tela duplicou e foi parar na mão das pessoas, era impossível esconder o que acontecia na emissora vizinha. A gente decide o que vai ver pelo que dizem nas redes sociais. Essa sacada inverteu o jogo. "Como vão falar da gente nas redes sociais?", pensam os estrategistas de audiência. "Ah, e se a gente colocasse a Sonia Abrão na tela da Globo?" O impensável vira truque de marketing. Um feitiço extremamente a favor do feiticeiro.
Pro elenco das emissoras, um deleite, já que todo mundo é colega mesmo. Eliana estava até outro dia no SBT e hoje cumprimenta a filha do ex-patrão na nova casa. É saudável.
Luciano Huck não podia fechar essa porta de jeito nenhum, não seria condizente com a personalidade de alguém que se diz visionário. Deu certo. Entre saudosistas e incrédulos, só se falou disso no domingo. Democracia e respeito à concorrência é lucro para todo mundo, né?
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