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Perder Tarcísio Meira é dar adeus a alguém da nossa família
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É, gente, está difícil. Desde que soube da notícia da internação de Tarcísio Meira e Glória Menezes, há seis dias, vinha mentalizando a cura dos dois. Não só eu, mas o Brasil inteiro, tenho certeza. Afinal, a sensação é de que sempre fomos íntimos desse casal. Portanto, se despedir de Tarcísio, morto nesta quinta-feira, aos 85 anos, vítima da covid-19, é dar adeus a alguém da nossa família.
Não há ninguém que não saiba ou pelo menos não tenha ouvido falar de Tarcísio Meira. A história dele se confunde com a da televisão.
E atinge a gente em cheio. Cresci vendo novelas e os suspiros da minha mãe pelo Tarcisão, "um galã para ninguém botar defeito", ela dizia. Uma vida dedicada ao ofício. Se já era grande no teatro, na televisão cravou sua marca. Toda vez que a trajetória da TV é repassada, lembramos que o ator, ao lado de Glória, estreou a primeira novela diária, "2-5499 — Ocupado", na Excelsior, em 1963. Não é pouca coisa não!
Em mais de 60 anos de carreira, Tarcísio colecionou sucessos e personagens inesquecíveis. Um deles, João Coragem, da novela "Irmãos Coragem" (1970), foi tão fora da curva que a audiência da novela foi maior que a da final da Copa do Mundo! Ainda há o atrapalhado Felipe, de "Guerra dos Sexos (1983), flerte do artista com a comédia.
Ah, um certo capitão Rodrigo... Na minissérie "O Tempo e o Vento" (1985), Tarcísio personificou o personagem de tal forma, que ficou complicado para qualquer outro ator dar o charme e força que aquela figura idealizada por Érico Veríssimo pedia. Até hoje o registro que temos na memória é o de Tarcisão. Ainda tem "Roda de Fogo" (1986), que nos fez misturar os sentimentos sobre Renato Villar, homem acometido por um tumor cerebral, cuja última cena da trama ficou na memória da TV: em uma praia, nos braços da mulher amada, ele tomba após o aneurisma se romper.
São inúmeras facetas desse mestre. Tarcísio se vai, mas deixa um legado imenso. As novas gerações têm em quem se inspirar e aprender a como se deve lidar com o ofício. Não com vaidades ou achando-se maior do que qualquer pessoa. Tarcísio tinha o trabalho como um sacerdócio. Além de saber bem como tratar aqueles que o acompanhavam, que conversavam com ele através da TV... Um artista que transcende.
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