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'Um Lugar ao Sol': autora diz que falar sobre irmãos e avós é sua obsessão
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Atire a primeira pedra aquele que não tem alguma obsessão na vida. Qualquer uma. Pode ser o de completar um álbum de figurinha. Ter algum tipo de coleção. A autora Lícia Manzo tem algumas das quais ela não abre mão em suas novelas: a relação entre irmãos e a figura da avó. E ela trabalha esses elementos com tanta maestria que muitas vezes parece falar da nossa vida. Foi assim em "Sete Vidas" (2015) e "A Vida da Gente" (2011). E não será diferente em "Um Lugar ao Sol", seu novo folhetim que estreia dia 8, marcando a sua primeira vez o horário das 21h.
Minha obsessão com o tema (irmãos) vem do fato de eu ser filha única e sempre ter querido um irmão. Acho que o filho único é criado numa vida de laboratório. Irmãos têm que lutar pelo seu espaço, têm grandes explosões, brigam, fazem as pazes. De modo geral, essa relação tem a certeza do afeto. Existe essa cola de dividir a mesma origem, a infância. É muito poderoso, real, tem algo dramático que rende muito na teledramaturgia", explica a autora.
E o caminho que Lícia pegou dessa vez, certamente, vai dar muito pano para manga. A autora traz como protagonistas gêmeos. Christian e Renato, vividos por Cauã Reymond, são separados ainda bebês e se encontram apenas quando adultos. Porém, o final feliz não acontece, já que eles têm apenas uma madrugada para se conhecerem, antes da tragédia que levará Renato. Como amigos, família e namorada passam a acreditar que Christian é Renato, o rapaz pobre toma a vida do irmão rico e tem que viver com as consequências dessa decisão.
Apesar de não ser uma trama original, Lícia afirma não perceber a repetição - "percebo uma história que me move", diz - e que o importante para ela não é a troca dos gêmeos, mas o que isso vai reverberar dentro dos personagens.
Não acredito em enredo repetido, acredito no modo de contar. A autoria vem primeiro que a história. Na hora que fiz o cálculo, não pensei nas outras histórias. Para mim é original. O importante não é a trama em si. O que está em jogo é a repercussão do fato dentro dos personagens. Mais interessante é a subjetividade, a camada psicológica, social que isso me traz", afirma a autora.
A avó não pode faltar
Ainda sendo fiel a suas fixações, Lícia não deixa de fora a avó. Em "Um Lugar ao Sol" ela está personificada na figura de Noca, interpretada por Marieta Severo. Responsável pela criação da neta Lara (Andreia Horta), após a morte de sua filha, ela é aquela figura sábia, que está sempre a postos para o que der e vier com a neta. Noca lê na mesma cartilha de Iná (Nicette Bruno) e Esther (Regina Duarte), de "A Vida da Gente" e "Sete Vidas", respectivamente.
Não existiria sem minhas obsessões. A figura da avó me dá a oportunidade de falar de ancestralidade, chacoalha a crença de quem é velho não tem nada para ensinar", afirma Lícia, que não conheceu suas avós.
Iná, Ester e, agora, Noca são três avós provocadoras, desorganizadas de crenças, ativas. Sempre farei avós em meus trabalhos. É o meu tributo a uma fatia da população equivocadamente aposentada, justamente, quando tem tanto a oferecer. E as atrizes encontraram eco. Para mim é uma riqueza escrever e ver a informação que elas trazem da vida transcorrida delas. Tudo isso tem impressão nas personagens e eu só teria essa possibilidade em alguém que viveu muito", constata Lícia.
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