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A telenovela brasileira faz 70 anos: gênero vive, mas precisa de reflexão
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A telenovela brasileira completa, hoje, 70 anos. O marco é a estreia de "Sua Vida me Pertence", que foi ao ar pela TV Tupi, no dia 21 de dezembro de 1951. E há 40, eu me tornei uma noveleira orgulhosa. Sim, porque é um gênero que me agrada bastante e que eu tenho prazer em escrever sobre. Além do mais, faz tanto parte da minha vida que a vejo como da família. Como aquele alguém tão próximo, a gente pode acompanhar sua evolução. E percebo o quanto ela vem se moldando, se transformando para continuar pulsante.
Há décadas, sentar à frente da TV para acompanhar uma história com centenas de capítulos era o programa família. Emendávamos um folhetim no outro de forma orgânica. Mas com o passar do tempo, a longevidade de uma trama foi ficando maçante para atores e telespectadores. Seja por trabalho ou por prazer, fica-se 'preso' a uma trama meses a fio. E com a urgência do dia a dia, é muito raro que assistamos novelas da mesma forma que víamos no passado. Já para os artistas, a abertura de novas possibilidades, como o streaming, com produções mais curtas, fazem com que possam otimizar mais o tempo - e tempo é dinheiro.
Mas a novela vai acabar? Não, mas a forma como a gente a consome, sim. Se antes, era tenso perder um capítulo, hoje, pode-se inclusive perder alguns que não há problema: eles estarão todos no Globoplay, no caso das produzidas pela Globo. Na verdade, a plataforma abriu o leque e além de trazer folhetins antigos, passou a disponibilizar novelas de outros países. É só escolher e se deleitar.
Além disso, o gênero é tão atrativo também para as plataformas que elas já manifestaram o interesse de produzir as suas. "Verdades Secretas 2", por exemplo, é tratada pelo Globoplay como a primeira novela produzida para o streaming. E já veio com a pegada mais curta: 50 capítulos. E esse deverá ser esse o caminho. Com uma pandemia no meio do caminho das produções, as novas tramas acabaram trazendo essa realidade enxuta: 'Um Lugar ao Sol', por exemplo, terá 107 capítulos.
O que ainda é uma deficiência nas telenovelas é a falta de diversidade. Ok, se a gente olhar para esses 70 anos, vamos perceber ganhos nessa trajetória. Mas ainda é pouco. Todos nós precisamos nos sentir representados. Todos. Negros, amarelos, gays, transexuais, pessoas especiais, com alguma deficiência. Nossa sociedade é diversa e precisa ser vista. O que a gente espera é que não se precise esperar por mais 70 anos para que essa realidade mude. A telenovela precisa espelhar a cara daqueles que a consome e que a transformaram em paixão nacional.
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